02 julho 2009

Filme "CREPÚSCULO"

“Crepúsculo” é mais uma adaptação cinematográfica de um grande sucesso literário juvenil...
Que essas obras são arrebatadoras aos olhos dos adolescentes não é novidade, mas ao contrário da maioria dos filmes que tem como foco o público teen, este tem uma essência diferenciada, apresentando por fim, algo maduro e didático. O que, infelizmente, não o livra de ser uma fraca projeção – não pelos motivos citados anteriormente.

A sinopse é a seguinte: a jovem Isabella Swan, que estranhamente gosta de ser chamada de “Bella”, muda-se para a cidadezinha chamada Forks para morar com o seu pai, chefe da policia local.
Ao chegar à nova escola, Bella é bem recepcionada pelos colegas, e sua atenção é logo despertada por um garoto pálido, misterioso e, aproveitando o trocadilho, de “bela” aparência. O que ela, inicialmente, não sabe é que ele é um vampiro. E assim, sob essa premissa, inicia-se uma paixão entre esses dois seres, literalmente, de mundos diferentes.

A estória do filme, notoriamente fiel ao livro, com poucas e sutis mudanças, não tem nada demais; é simples, ingênua e açucarada. O foco aqui é quase restrito ao romance entre a mortal e o ser vampiresco. O interessante é que as cenas de amor entre os dois são totalmente condicionadas a uma atmosfera, digamos assim, virginal. O que é raridade em filmes adolescentes. Por isso, a meu ver, foi um acerto da direção manter a pureza do relacionamento deles, alternativa esta bem superior a nossa realidade deturpada e precoce.

O livro “Crepúsculo”, mundialmente falando, virou febre, totalizando em 25 milhões de exemplares vendidos. Stephenie Meyer, autora do mesmo, ao dar vida a sua obra no cinema, sendo responsável também pelo roteiro da película, acumulou alguns “trocados” em sua conta bancária. Por esta questão, a sequência “Lua nova” estréia ainda este ano.

Bom, agora analisando a projeção com afinco, tentando observar meticulosamente cada detalhe, não consigo entender o porquê do burburinho em torno da mesma. A protagonista, por exemplo, mantém a personalidade pertinente e irritante do livro, ainda assim, a construção da mesma para o cinema soou exagerada. Sua expressão é constantemente deslocada e indiferente, quando, na verdade, ela deveria transmitir apenas timidez.

Outro fato que também incomoda em relação a Bella é a falta de interatividade da mesma com seus novos amigos. Sendo ela extremamente inexpressiva e introvertida, torna improvável que esta conseguisse se enturmar tão rápido, ou sequer, que fosse bem recebida pelos outros estudantes.
No que diz respeito à literatura, o espectador, através da leitura, conseguiria captar o romance de forma envolvente, já no filme, o amor dos dois tem uma intensidade descabida, apressada e superficial. E olha que não foi por falta de tempo – a duração do filme é de 120 minutos, aproximadamente.

E esta não foi a única falta de consistência da estória. Os personagens coadjuvantes aqui, não passaram de meros figurantes, principalmente os, potencialmente interessantes, “lobos”.
Em termos generalizados, a produção em si deixou muito a desejar. As cenas são desordenadas, devido à edição precipitada; o recurso de câmera lenta é utilizado de forma indevida; o desenvolvimento da fita é raso; o decorrer é lento e sem ritmo, chegando a ser monótono... Só não é um total fiasco graças à inexplicável curiosidade que é incitada pelo envolvimento, ainda que rápido, do casal principal.

Voltando-se agora a atuação do elenco que é sofrível, o único destaque vai para Kristen Stewart ("Os mensageiros"), a supracitada Bella que, até tem talento, mas que acabou me confundindo com sua atuação repleta de “piscar de olhos” e suas feições exageradamente insípidas.
O elenco, num todo, exagera na apatia, negligenciando tudo o que ocorre à volta deles.
O vampiro Edward, interpretado por Robert Pattinson, em relação a seu par, é ainda pior. Nenhuma das emoções que ele tenta transmitir condiz com a expressão dele.

Outro furo de “Crepúsculo” é a maquiagem excessivamente forte dos vampiros, tornando o semblante deles artificial e berrante – digo o mesmo de Bella, igualmente descorada.
Embora, entre tantos deslizes, os efeitos especiais são, sem hesitação, os motivos mais aborrecedores da trama. Sem sincronia, parcos e até desnecessários em alguns momentos.
Deixam a desejar também, as mudanças subjetivas que a autora dá a idiossincrasia dos vampiros, que desfiguram a lenda, como, por exemplo, eles não serem fulminados ao se exporem ao sol – ao invés disso, brilham...

No obstante, o filme tem lá seus acertos... Poucos, mas tem. Entre eles, a ótima fotografia do filme que opta por um tom meio escuro e azulado, o que contribui muito para o clima do mesmo. Também a trilha sonora, altamente depressiva, transitando entre Paramore e Linkin Park, sendo assim bastante funcional à estória. E como já citado, a paradoxal química que há entre os mocinhos.

Enfim, a única cena movimentada do filme se dá no fim da trama. A rápida luta contribui para lembrar o público que o filme não é apenas um drama infante.
No mais, “Crepúsculo” até agrada em alguns momentos, entretanto, acredito que o êxito deste se dá, exatamente, por ser uma estória de atmosfera estritamente adolescente. Ou seja, é o mesmo motivo de filmes como “Harry Potter” e “High School musical” fazerem sucesso.
Ainda assim, se o interesse em assisti-lo persistir, eu recomendo: prefira o livro.

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