21 janeiro 2011

Filme "ENROLADOS" (2010)

A Disney sempre enalteceu a imagem das figuradas intituladas como “princesas”, tornando-as sonho de consumo entre a maioria das garotinhas, e uma de suas marcas registradas. Ultimamente até mesmo a forma de retratá-las tem sido tão variada, quanto constante, desde o tradicional formato em desenho animado, como visto no recente “A princesa e o sapo” – este inova pelo fato de a princesa ser a primeira representante da raça negra –, a versões live-action, como no chatíssimo “Encantada”.
Agora, como era de se esperar, nos aparece à estória de Rapunzel, diria até que tardiamente, debutando como a primeira princesa em animação CGI.

Como acontece em todo desenho que leva o nome Disney, este é também embalado por uma trilha sonora enfastiada, sob um clima totalmente pueril, contando com a presença de personagens secundários, normalmente animaizinhos exóticos, responsáveis por todas as piadinhas mais do que batidas.
É claro que isso não resume “Enrolados” – o título mais masculino que encontraram para Rapunzel, na tentativa de tornar a estória unissex –; o filme é bom e tem seus momentos, tanto engraçados como romântico. Destaque para a cena do lançamento das lanternas iluminadas ao céu, recheada de brilho e enlevo, tanto visual como climático, por assim dizer.
Mas não posso negar que sinto a saturação rodear o gênero. Quando se trata de Disney então, a lista extensa de princesas e historinhas do tipo, já deu o que tinha que dar.

Tudo bem que a direção de Byron Howard (da também animação “Bolt – o super cão”), compartilhada com o desconhecido Nathan Greno, deu uma repaginada no estilo, na ambientação e na estrutura desse antigo conto de fada, conforme comprova-se aqui, ressaltando a princesa, já não tão ingênua, e o príncipe, sob efeito do bastante utilizado recurso de desmoralização da classe, bem mais interessante que os convencionais... Mas ainda assim, eu não consigo deixar de ver “Enrolados” como um filme bobinho que, logo será apontado como mais um integrante do time das animações-carbono que dão sequência a esse novo perfil, digamos, um tanto "subversivo", de príncipes e princesas. Afinal, esse tipo de ideia alternativa não é tão novidade em animações de estúdios concorrentes, como já vimos, muito bem representados por sinal, em “Shrek” e “Deu a louca na Chapeuzinho Vermelho”. E convenhamos também que, "Enrolados" não tem a mesma intensidade e sagacidade dos sobreditos.

E não tem porquê falar mais sobre isso... Eu sei que o máximo que se dá pra fazer em um filme infantil foi feito aqui, pois estamos falando de um filme que tem como público-alvo, pelo menos nominalmente, as crianças. Ou seja, é o tipo de filme que não se pode esperar muita inovação, pela necessidade que seus infantes espectadores tem de algo que seja facilmente compreensível. Até mesmo as histórias de amor adultas estão seguindo uma linha padronizada e desgastada, seria então covardia esperar mais de uma animação infantil.
O que me incomoda mesmo é o tema. E olha que eu sou um acompanhador assíduo de filmes dessa espécie.
Mas, sem problemas, não vou tornar isso motivo para desqualificar o filme. A qualidade do mesmo está acima da média e marca o retorno da diversão nos filmes Disney, o que há tempos não podia ser conferido. E não posso negar que o casalzinho aqui tem uma química admirável.

Os efeitos tridimensionais estão em perfeita sintonia, apesar de eu não ter gostado muito do aspecto do cabelo da heroína – acho que foram descuidados em alguns momentos com ele deixando-o sintético, sei lá, ainda mais se tratando de um detalhe tão pertinente –, mas o restante está bem desenvolvido e adequado a proposta do longa.
A verdade é que o maior atributo de "Enrolados" se acha mesmo em seu gráfico, como já dito. O cavalo Maximus é super divertido, o camaleão tem suas tiradas, Rapunzel é fofa e o princípe, trocadilhamente falando, encanta (!!), mas o visual realmente é o ponto forte!
Enfim, eu o recomendo, pois é um filme proveitoso, apesar de eu ainda resistir à idéia por se tratar de mais um filme de princesas.



20 janeiro 2011

Filme "SEX AND THE CITY 2" (2010)

Apesar de muitos espectadores masculinos terem o acompanhado, até quem não assistia sabe que o extinto seriado “Sex and the city” foi um produto televisivo estrito e premeditadamente feminino.
O sucesso da série foi inevitável, e seus derivados longas cinematográficos também, entretanto, por mais que tais filmes transpareçam inutilidade, infelizmente a opinião formada na mente dos fãs será, até que se prove o contrário, positiva.

Eu acompanhei descompromissadamente alguns episódios do seriado, e confesso que até tinha simpatia pela série, mesmo quando os questionamentos levantados eram rasos ou extremamente feministas – afinal, quem assistia o seriado, sabia do que se tratava.
Porém, com este segundo filme, estas questões foram se acentuando e ganharam dimensões à beira do ridículo.
Eu cheguei a comentar o primeiro filme da série, podendo assim identificar qualidades e deformidades na fórmula usada no mesmo. Diria até que, o primeiro foi uma bela homenagem mesmo sendo-o deficiente em sua estrutura. Já do segundo eu não posso dizer o mesmo, aliás, não tenho muito que dizer...

Começo pelo fato de eu não me lembrar que as personagens na série eram tão superficiais, a ponto de poder reduzi-las a meras escravas da moda aqui. A dependência das mesmas em torno de homens e roupas chega a incomodar até mesmo o mais leviano dos seres humanos!
Na verdade, a identidade de cada uma, que era meticulosamente definida a cada temporada, foi totalmente desfigurada neste segundo filme. Eu só consegui ver quatro senhoras sem noções de limites, sem um resquício qualquer de maturidade – mesmo, involuntariamente, ostentando idade –, sob um ar de glamour totalmente imposto, vivenciando situações irrelevantes que, por assim dizer, não justificam boa parte do drama que o filme se esforça, infrutuosamente, em passar.

Nem mesmo todo o luxo que permeia os figurinos e os cenários consegue desviar a atenção do pobre roteiro, que não tem rumo, foco, muito menos objetivo. A esquálida trama se resvala em roupas exóticas e festas socialmente frívolas, parecendo mais se importar com a exibição desenfreada do mais excêntrico da indumentária moderna, do que contribuir para com a história da série que, em algum momento, teve importância no mundo dos seriados.

Não posso me esquecer também de comentar sobre o desgaste dos conflitos pessoais das personagens, o que é notável e incômodo. Digo isso porque a personagem central, Carrie Bradshaw, vivida por Sarah Jessica Parker, não tem mais charme. Ela está amorfa, irritante e mais indecisa que antes. O mesmo digo de Samanta, outra personagem que perdeu o brilho, tornando-se uma mulher neurótica em torno da idade, mesmo isto sendo, no caso dela, preocupante.

"Sex and the city - o filme" tinha conteúdo, ou pelo menos um tema – o casamento de Carrie –, o segundo, no entanto, não tem nada, a não ser participações dispensáveis e um bocado de momentos desconfortáveis. Lisa Minelli me fez perder o sono – no mal sentido – com sua pontinha mais do que burlesca e nonsense.
A estadia das quatro protagonistas em terras árabes então foi extremamente surreal e maçante, dominando praticamente a metade do filme. O pior de tudo foi ver mulheres típicas da região, geralmente reprimidas pela cultura do local, se rendendo a “clubes do livro” e se “refugiando” em roupas ocidentais, que elas suprimiam por meio de suas burcas, como se consumismo e futilidade fossem resposta para a felicidade.

O final previsível, comportado e clichê, com todas as resoluções positivas deixou tudo ainda mais chato.
Mas como citei no início, não adianta analisar, nem bombardear “Sex and the city 2”. Quem curte, irá assisti-lo e aprová-lo, mesmo o filme sendo uma perda de tempo. Contudo, se você não é um fã cativo da série, mas tem curiosidade sobre o filme, corra, mas corra muuito dele! Pois o filme além de ser vazio, é extremamente longo.