Algumas pessoas das quais conheço que assistiram "Um amor pra recordar", de forma uníssona, classificam o filme como lindo. Logo de cara são levadas pelo romantismo desregrado, e de antemão apresentam o veredito positivo, sem ao menos ponderarem algumas questões importantes.
Apesar de eu assistir a toda e qualquer comédia romântica lançada (sem saber o porquê...), não sou fã de nenhum gênero que beira o romance.
Essa quase aversão se dá pelos seguintes motivos: falta de originalidade no roteiro e excesso de "glicose" no contexto em geral; problemas que imperam nesse estilo de filme.
Parece que a maioria deles é produzido pelo mesmo diretor, em que os personagens se assemelham, os desfechos e as situações são similares, e tudo flui sempre da mesma forma...
E isso acontece porque esses tipos de filmes vão se baseando mesmo uns nos outros. O diretor do filme, Adam Shankman, provavelmente deve ter usado o filme "Doce Novembro" como parâmetro e inspiração, afinal, "Um amor pra recordar" mais parece sua versão teen.
E se tratando de Adam Shankman, julgando por sua trajetória cinematográfica, ele está se tornando mestre em dar vida à obras clichês.
O filme tem um roteiro ingênuo (em todos os sentidos), prognosticamente dramático, que abusa de todo e qualquer recurso para comover a platéia - e consegue!
A questão é que mesmo contendo um pieguismo explícito, e um grande embate de opiniões entre críticos e público, não é uma tarefa simples avaliar essa película.
Mandy Moore, uma musa teen, dona de uma voz mezzo aveludada, e de um repertório adocicado, protagoniza essa projeção.
Não é novidade vermos cantoras se aventurando como atrizes em Hollywood. Assim elas só comprovam ao público que não erraram quanto a seguir a vocação musical. Todavia, afirmo que entre ver as interpretações deprimentes de Mariah Carey, Britney Spears e Jennifer Lopez (essa é a mais insistente), Mandy foi a menos decepcionante. Diria até que entregou uma atuação segura e satisfatória para o nível do roteiro.
O filme relata a estória de uma jovem de comportamento introvertido e puritano que, é isolada e rotulada de "nerd" em seu meio escolar por seu jeito alienado de agir e vestir. Em contrapartida nos deparamos com seu par romântico, totalmente rebelde e popular.
A idéia trivial do romance é exatamente fazer com que o personagem Landon Carter, vivido por Shane West, passe por uma transformação idiossincrática para adaptar-se ao perfil da mocinha-esteriótipo rejeitada.
Como o filme é voltado para um público específico - adolescentes - é tolerável a simploriedade da proposta, porém, a forma com que é conduzida, incomoda um pouco.
Na verdade, um filme para ser bonito, inspirador e emocionante, não necessita usar os mesmos artifícios para alcançar tais resultados.
Entre alguns pontos fracos do filme está a personalidade de Landon que, passa por uma verdadeira metamorfose, numa rapidez descomunal. Além do amor quase instatâneo dos dois, um tanto forçado. Mais rápido que esse só o de Kate Winslet e Leonardo Dicaprio no superestimado "Titanic".
Se não fosse o descuidado desenrolar dos fatos e a edição primária, o filme funcionaria melhor.
Como já foi antecipado pela crítica de Daniel Dalpizzolo o fim da estória, falarei abertamente sobre alguns fatos.
A personagem de Mandy tem uma doença irreversível, o que abre espaço para a dramaticidade desmedida. Nisso entram em cena os esteriótipos, o romance fácil, a reviravolta brusca das situações e o clima excessivamente melancólico que, aborrecem um pouco. Entretanto, a projeção conseguiu apresentar atuações e um desfecho acima da média em comparação as películas de outras cantoras, como já foi supracitado. Nos deparamos aqui com uma maturidade que normalmente não encontramos nesse tipo de filme, por isso, "Um amor pra recordar" pode ser determinado como o melhor filme estrelado por uma cantora. E um dos motivos foi que a realização do projeto não se limitou em divulgar a imagem de Mandy Moore, e sim, apresentou uma trama.
Quanto as interpretações, confesso que gostei de Peter Coyote como o pai de Mandy no filme. A posição racional, áustera e conservadora de um pai protetor e líder religioso, ficaram muito bem definidas por sua performance. A cena dele com a filha no hospital é de uma emoção gratuita, porém, tocante!
Mandy, como já citei, também não desagradou, até me surpreendeu. Já os coadjuvantes em geral não se saíram bem, assim como o próprio par romântico de Mandy, Shane West.
A trilha sonora é extremamente romântica e composta obviamente por algumas canções de Mandy como, "Only Hope" que ela interpreta no filme, e "Cry" que é a canção carro-chefe. São músicas melosas, mas suportáveis até. Para o filme ficaram sob medida.
E como última observação, eu não pude deixar de reparar na fotografia fosca. Ficou com um aspecto de filme independente... não... amador é a melhor colocação. Não sei se faltou investimento, mas deixou a desejar nesse quesito.
Concluindo, o filme não tem consistência, possui enredos requentados, e é totalmente moldado à risca com as fórmulas de filmes típicos, entretanto, afirmo que o filme, ainda assim, emociona, cativa e traz até alguns questionamentos interessantes... Paradoxo? Contraditório? Eu sei. Mas é verdade!
Ironicamente tenho que concordar com a maioria... o filme é bonito! Insisto... ainda que analisando meticulosamente o mesmo, e descobrindo mais falhas entre tantas, o filme continua sendo, inexplicavelmente, bonito.
Essa quase aversão se dá pelos seguintes motivos: falta de originalidade no roteiro e excesso de "glicose" no contexto em geral; problemas que imperam nesse estilo de filme.
Parece que a maioria deles é produzido pelo mesmo diretor, em que os personagens se assemelham, os desfechos e as situações são similares, e tudo flui sempre da mesma forma...
E isso acontece porque esses tipos de filmes vão se baseando mesmo uns nos outros. O diretor do filme, Adam Shankman, provavelmente deve ter usado o filme "Doce Novembro" como parâmetro e inspiração, afinal, "Um amor pra recordar" mais parece sua versão teen.
E se tratando de Adam Shankman, julgando por sua trajetória cinematográfica, ele está se tornando mestre em dar vida à obras clichês.
O filme tem um roteiro ingênuo (em todos os sentidos), prognosticamente dramático, que abusa de todo e qualquer recurso para comover a platéia - e consegue!
A questão é que mesmo contendo um pieguismo explícito, e um grande embate de opiniões entre críticos e público, não é uma tarefa simples avaliar essa película.
Mandy Moore, uma musa teen, dona de uma voz mezzo aveludada, e de um repertório adocicado, protagoniza essa projeção.
Não é novidade vermos cantoras se aventurando como atrizes em Hollywood. Assim elas só comprovam ao público que não erraram quanto a seguir a vocação musical. Todavia, afirmo que entre ver as interpretações deprimentes de Mariah Carey, Britney Spears e Jennifer Lopez (essa é a mais insistente), Mandy foi a menos decepcionante. Diria até que entregou uma atuação segura e satisfatória para o nível do roteiro.
O filme relata a estória de uma jovem de comportamento introvertido e puritano que, é isolada e rotulada de "nerd" em seu meio escolar por seu jeito alienado de agir e vestir. Em contrapartida nos deparamos com seu par romântico, totalmente rebelde e popular.
A idéia trivial do romance é exatamente fazer com que o personagem Landon Carter, vivido por Shane West, passe por uma transformação idiossincrática para adaptar-se ao perfil da mocinha-esteriótipo rejeitada.
Como o filme é voltado para um público específico - adolescentes - é tolerável a simploriedade da proposta, porém, a forma com que é conduzida, incomoda um pouco.
Na verdade, um filme para ser bonito, inspirador e emocionante, não necessita usar os mesmos artifícios para alcançar tais resultados.
Entre alguns pontos fracos do filme está a personalidade de Landon que, passa por uma verdadeira metamorfose, numa rapidez descomunal. Além do amor quase instatâneo dos dois, um tanto forçado. Mais rápido que esse só o de Kate Winslet e Leonardo Dicaprio no superestimado "Titanic".
Se não fosse o descuidado desenrolar dos fatos e a edição primária, o filme funcionaria melhor.
Como já foi antecipado pela crítica de Daniel Dalpizzolo o fim da estória, falarei abertamente sobre alguns fatos.
A personagem de Mandy tem uma doença irreversível, o que abre espaço para a dramaticidade desmedida. Nisso entram em cena os esteriótipos, o romance fácil, a reviravolta brusca das situações e o clima excessivamente melancólico que, aborrecem um pouco. Entretanto, a projeção conseguiu apresentar atuações e um desfecho acima da média em comparação as películas de outras cantoras, como já foi supracitado. Nos deparamos aqui com uma maturidade que normalmente não encontramos nesse tipo de filme, por isso, "Um amor pra recordar" pode ser determinado como o melhor filme estrelado por uma cantora. E um dos motivos foi que a realização do projeto não se limitou em divulgar a imagem de Mandy Moore, e sim, apresentou uma trama.
Quanto as interpretações, confesso que gostei de Peter Coyote como o pai de Mandy no filme. A posição racional, áustera e conservadora de um pai protetor e líder religioso, ficaram muito bem definidas por sua performance. A cena dele com a filha no hospital é de uma emoção gratuita, porém, tocante!
Mandy, como já citei, também não desagradou, até me surpreendeu. Já os coadjuvantes em geral não se saíram bem, assim como o próprio par romântico de Mandy, Shane West.
Ele não chega a ser canastrão, mas a meu ver, ele errou feio em limitar sua representação à "caras e bocas" (mais bocas... reparem no "bico" constante do ator). Parecia mais uma tentativa desesperada do ator em querer transmitir uma imagem de galã, o que soou nada convincente.
A cena em que ele transtornado no carro tenta esboçar um choro, ficou confusa. Não dá pra se saber ao certo o que ele estava tentando expressar. Sua feição trasmitia qualquer coisa, menos tristeza.
Agora, dentre os outros comentários e críticas que li a respeito do filme, esses citaram que a estória vai ganhando uma atmosfera maniqueísta no terceiro ato (o da doença revelada), o que pra mim não foi um erro como apontaram, já que a protagonista era religiosa e filha de um reverendo, ou seja, a crença dela seria explorada.
E sobre o triste e irredutível desfecho, ao contrário do que muitos acharam, foi pra mim satisfatório; melhor que a conclusão batida do "felizes para sempre", afinal, se é um amor pra recordar, evidentemente não tinha escapatória para a mocinha.
A cena em que ele transtornado no carro tenta esboçar um choro, ficou confusa. Não dá pra se saber ao certo o que ele estava tentando expressar. Sua feição trasmitia qualquer coisa, menos tristeza.
Agora, dentre os outros comentários e críticas que li a respeito do filme, esses citaram que a estória vai ganhando uma atmosfera maniqueísta no terceiro ato (o da doença revelada), o que pra mim não foi um erro como apontaram, já que a protagonista era religiosa e filha de um reverendo, ou seja, a crença dela seria explorada.
E sobre o triste e irredutível desfecho, ao contrário do que muitos acharam, foi pra mim satisfatório; melhor que a conclusão batida do "felizes para sempre", afinal, se é um amor pra recordar, evidentemente não tinha escapatória para a mocinha.
A trilha sonora é extremamente romântica e composta obviamente por algumas canções de Mandy como, "Only Hope" que ela interpreta no filme, e "Cry" que é a canção carro-chefe. São músicas melosas, mas suportáveis até. Para o filme ficaram sob medida.
E como última observação, eu não pude deixar de reparar na fotografia fosca. Ficou com um aspecto de filme independente... não... amador é a melhor colocação. Não sei se faltou investimento, mas deixou a desejar nesse quesito.
Concluindo, o filme não tem consistência, possui enredos requentados, e é totalmente moldado à risca com as fórmulas de filmes típicos, entretanto, afirmo que o filme, ainda assim, emociona, cativa e traz até alguns questionamentos interessantes... Paradoxo? Contraditório? Eu sei. Mas é verdade!
Ironicamente tenho que concordar com a maioria... o filme é bonito! Insisto... ainda que analisando meticulosamente o mesmo, e descobrindo mais falhas entre tantas, o filme continua sendo, inexplicavelmente, bonito.
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