14 julho 2009

Filme "A MÚMIA - TUMBA DO IMPERADOR DRAGÃO"


Lançado em 1999, o divertido blockbuster "A Múmia" alcançou um sucesso tremendo nos cinemas e conquistou um número considerável de fãs. O que não é pra menos, já que estória é repleta de cenas de ação, recheada de ótimos efeitos visuais, e ainda conta com a presença dos entrosados protagonistas Brendan Fraser ("Viagem ao centro da terra - o filme") e Rachel Weisz ("Constantine"), dando vida a um simpático casal que passa por maus bocados com a tal múmia do título.

Devido a isso, a sequência
"O Retorno da Múmia" logo foi lançada, sustentando assim o sucesso da franquia. Continuação esta que, além de manter a temida múmia, insere à estória um novo vilão chamado "Escorpião Rei", interpretado por Dwayne Johnson (conhecido pelo codinome "The Rock"), que teve aqui o seu debute como ator.
Logo após, veio o terceiro filme intitulado como
"O Escorpião Rei", uma versão "spin off" do personagem homônimo, vivido novamente por Dwayne Johnson. No entanto, essa projeção não conta com a presença do casal O'Connell.
Então, para completar a série (espero), surge em 2008 o fiasco "A Múmia: Tumba do Imperador Dragão", com uma estória totalmente desfigurada e ambientada agora - sem motivos plausíveis - na China ao invés do Egito.

A meu ver, este novo filme só serviu para marcar a volta de Brendan Fraser como o personagem central Rick O'Connell, só que desta vez, ele - que está desconfortável no papel - não conseguiu convencer um minuto sequer como fez anteriormente. Principalmente nas cenas em que se pede um pouco mais de dramaticidade.
Como exemplo, tem o momento da reconciliação entre ele e o filho que, ao invés de emocionar, acaba soando cômico, tudo por causa do desempenho desajeitado de Fraser e sua expressão desproposital.
Quanto à bela Rachel Weisz, talvez prevendo o script vergonhoso, não participou da projeção. O que trouxe uma substituta para "Evelyn O´Connell", composta pela deslocada e sem carisma Maria Bello. Motivo este suficiente para que o filme perca ainda mais pontos, sendo que o clima de cumplicidade entre Brendan Fraser e Rachel Weisz, não pode ser conferido entre ele e nova "Eve".

Entre as "novidades" de "A Múmia: Tumba do Imperador Dragão", temos a presença do insosso e desconhecido Luke Ford como o jovem filho de Rick.
Ele e a também anônima atriz Isabella Leong, ao formarem um par romântico, desconcertam o espectador com tamanha falta de química.
Inclusive, o ator John Hannah, antes o coadjuvante mais engraçado aqui como o irmão de Eve, por sua vez,
consegue a façanha de aborrecer em todas as tomadas em que aparece por limitar a sua participação a contar piadinhas infames.
E como se não bastasse tem a apagada presença de Jet Li, numa tentativa desesperada de repromover sua carreira, interpretando a múmia no lugar Arnold Vosloo (troca infeliz).

Agora, o elenco não é o único fator que traz insatisfação; voltando-se ao roteiro, é possível relacionar uma grande quantidade de furos e clichês...

O mocinho é mortalmente ferido e salvo por "mágica", enquanto figurantes morrem com apenas um tropeção.
Uma paixão súbita e sem noção entre o filho de Rick e a filha de uma feiticeira. O típico final "estou perdendo, mas alguém do nada me salva". O batido conflito familiar. E não sendo menos importante, tem o argumento burlesco sobre o que ativa a "pedra" que traz a múmia de volta à vida: o sangue de alguém puro de coração. Ai!

Dando continuidade aos absurdos da estória, temos o aparecimento de um exército de mortos vivos no último ato. Assim como, alguns Yetis digitais mal elaborados que também dão o "ar da graça". Todos visualmente sintéticos.
E o pior, a própria múmia, apresentada com uma nova roupagem, ironicamente consegue se transformar em qualquer coisa, menos em uma simples múmia.

Por fim, não sei exatamente qual foi à intenção desse filme, mas sei de uma coisa, ele não diverte, não se desenvolve e ainda deixa explícito que a direção sob o comando de Rob Cohen (antes Stephen Sommers) se mostrou muito inferior.
Diante de um filme em que nem os diálogos são consistentes, só posso recomendar uma coisa: assista apenas o original e esqueça as sequências!

Filme "OS ESQUECIDOS"

"Os esquecidos" foi, com certeza, a pior decepção cinematográfica que tive. E seu pior furo foi justamente onde não deveria: na conclusão.
Inicialmente o filme apresenta algo diferente de tudo que foi mostrado. Algo realmente inovador que prendia a atenção até do mais disperso ser humano.
Eu nem sequer conseguia cogitar uma hipótese para o desenlace da trama encabeçada por Julianne Moore ("Magnólia").
A forma com que foi construído o roteiro, à princípio, não deixava brechas para suposições. Realmente a dúvida e o a curiosidade foram despertadas ao acompanhar esse longa.

A estória do filme é centrada em Telly Paretta (Moore). Ela vive tentando adaptar-se a idéia de ter perdido seu filho de 8 anos num acidente de avião. Entretanto, logo seu psiquiatra, Dr. Munce, tenta convencê-la de que seu filho nunca existiu, e que suas lembranças são um distúrbio desenvolvido por ela.
Com as lembranças vívidas em sua mente, Telly inicia uma corrida para provar a existência de seu filho, porém tudo que ela tinha como "prova" sumiram sem vestígios. Até mesmo supostas fotos com ele.

Quase convícta de sua insanidade, ela conhece Ash Correll (Dominic West), e juntos continuam a busca por respostas, pois Ash também começa, por incentivo de Telly, a lembrar que tem uma filha, a qual ele não sabe onde está nem como a esqueceu.

Seguindo esse raciocínio, "Os esquecidos" tinha tudo para ser um marco no gênero do suspense. Com certeza se bem sucedido, já teria aí suas duas ou três cópias. Contudo, Gerald Di Pego, contentou-se em dar vida a um roteiro fraco e descartável.
É uma pena, pois friso que o início do filme é ótimo e instiga a imaginação.
"Os esquecidos" poderia hoje ser um clássico moderno, se tivessem tido o trabalho de elaborar com calma e racionalidade seu encerramento. No entanto, com seu final original conseguiu ser apenas um suspense banal, improvável e enganoso.

Para não dizer que o filme é de todo ruím, destaco a atuação de Dominic West ("300"), e principalmente Julianne Moore que, como sempre está impecável. Acredito que a construção e o trabalho que ela teve com Telly necessitava, até como respeito a atriz, um final dígno.

No mais o filme só funciona se assistí-lo até a metade. Assim seu final ficaria sob a curiosidade de cada um. Idéia ridícula? Não comparada ao desfecho do filme.

Filme "SEPARADOS PELO CASAMENTO"

Bom, o filme "Separados pelo casamento" não é estritamente uma comédia romântica como foi divulgado. Há algumas cenas características, mas não o suficiente para rotularem o filme a esse gênero em específico. Inclusive, nem o próprio roteiro define isso.
O filme também não é uma propaganda enganosa como alguns críticos afirmaram, entretanto, foi um chamariz totalmente intencional vendê-lo como comédia romântica para o público.
Até o cartaz do filme – com uma imagem criativamente sugestiva ao título –, transmite a idéia de que o filme é um romance cômico convencional, o que não passa de uma mera e distrativa jogada de marketing. Sendo que, a película é simplesmente um retrato verossímil de um relacionamento problemático.

Como toda comédia romântica termina com a união do casal central, esta projeção recorre ao contrário, iniciando-se exatamente onde os filmes terminam: no "felizes para sempre", apresentando o que acontece após isso.
Apesar de haver alguns exageros, eu gostei muito da proposta do filme, não foi mais uma estória previsível e romantizada ao extremo.

A sinopse é esta: Um casal começa a ter problemas constantes em seu relacionamento devido a incompatibilidade de genes. A solução extrema tomada por ambos é a separação. Porém, decidem continuar juntos no apartamento mantendo uma vida individual.
Diante desta situação, os enredos se descambam em provocações diretas e indiretas, onde um sabota os planos do outro, culminando em um clima insustentável.

O maior acerto do diretor Peyton Reed foi escalar Vince Vaughn ("Penetras bom de bico") e Jennifer Aniston (da extinta série "Friends") - eles que tiveram um affair durante as gravações - para estrelarem a película. Ambos foram totalmente convincentes em seus papéis.
O clima pesado das discussões; a revolta pelos motivos banais; a tensão da relação; tudo foi muito bem transmitido pela dupla.
Vince que normalmente estrela filmes pastelões, passou a segurança de todo um preparo para encarnar seu personagem. Mesmo aparentando às vezes inibição, ele conseguiu cumprir o que o papel pedia. Além dele ter cooperado com a criação do roteiro.
Jennifer Aniston ainda não é uma atriz memoravel, mas ela consegue interpretar tudo que lhe é oferecido. Para uma personagem complexa como esta, precisava realmente de alguém talentosa, e ela foi a melhor pedida. Talvez outra figurinha carimbada do gênero não conseguisse explorar o papel como ela fez.

É evidente que o filme é interessante - apesar da estória papalva - graças à interação do casal. A dessemelhança em relação às comédias românticas padrão é logo notada, e essa distinção proposital torna o filme singular, e talvez precursor de um estilo realístico e alternativo.
Os diálogos inteligentes e bem costurados da trama tornam o filme frio em alguns momentos. Atrevo-me até a afirmar que espectador fica com a uma sensação de estar presenciando pessoalmente as discussões acaloradas do filme que, chegam a constranger.

Peyton Reed ("Sim senhor!") conseguiu criar um filme sólido, diferente e realista. Pode agradar o público que não aguenta mais romances prenunciados, como pode ofender os espectadores que curtem filmes ingênuos e açucarados.
O final atípico, mas compreensível, foi uma conclusão ousada a meu ver. E a maturidade para tal desfecho já basta como ponto positivo para o projeto.
O filme teve seus momentos exaltados, frívolos, pretensiosos, mas como o casamento é uma experiência única para cada casal, não se pode criar um paradigma comportamental, por isso, Gary Grobowski (Vince Vaughn) e Brooke Meyers (Jennifer Aniston) pode estar em qualquer lugar, até mesmo em nós.

Enfim, "Separados pelo casamento" é recomendado por mim por estes motivos acima, e principalmente por não ser só mais um integrante da liga dos DVDs cor de rosa.

Filme "QUARENTENA"

A idéia de refilmar uma película nem sempre é algo sensato. Por isso eu acredito que se não tem nada superior a acrescentar a estória, refilmar é obviamente desnecessário.
A questão é que Hollywood só considera um filme como qualificado, quando ele é produzido em território americano, ou pelo menos, por concepção dos mesmos.
O sucesso de público que obtiveram os filmes de temática "terror psicológico", foi o impulso para as excessivas cópias americanas inspiradas em filmes de origem nipónica. Ou seja, cópias americanizadas não são novidade.
O que é mais irritante nisso tudo é que, quase todas as refilmagens americanas de filmes bem sucedidos de outros países, são fracas e deturpadas, levando ao ridículo o tema.

Quando eu assisti "Quarentena" foi inevitável não utilizar outro prelúdio para meu comentário. Não há como não ressaltar sua insignificância em relação ao roteiro matriz.
Propositalmente, talvez buscando trazer certa peculiaridade a esse remake, o diretor John Erick Dowdle, incluiu alguns fatos, alterou outros, realmente modificando um pouco a cópia do filme original, o terror espanhol "REC", sob a direção de Jaume Balagueró e Paco Plaza.
As mudanças que poderiam ser um ponto positivo para o filme, sairam "pela culatra". Com uma edição mais apurada, "Quarentena" apresentou pontos que em "REC" não vemos, porém, com isso os furos ficaram mais evidentes na trama. E a base para o enredo ficou mal ajustada. Além disso, conseguiu tornar o filme menos realista. O clima naturalmente claustrofóbico que o original apresenta, não ganha força nessa precipitada versão ianque.

O foco de "REC" é basicamente o desespero dos moradores de um prédio em não conseguirem lidar com a situação de emergência que está os atingindo com a propagação de um vírus entre eles que os tornam "zumbis"; em "Quarentena" a narrativa dá lugar exatamente ao título: o isolamento das pessoas no prédio devido ao incidente viral.
"Quarentena" não consegue ser verossímil, como "REC". Nem a tensão do acontecimento, nem o medo dos moradores do prédio convencem no filme.

O maior feito do filme, foi escalar a atriz Jennifer Carpenter, para interpretar a protagonista Angela Vidal. Apesar de não ser ainda um nome expressivo em Hollywood, Jennifer consegue incorporar bem seus personagens. Ainda que force um pouco, ela consegue transmitir, até mais que Manoela Velasco (a protagonista de "REC") que, também é boa, o pavor do momento.
Jennifer Carpenter, através de sua feição, seu histerismo, a respiração ofegante e pesada, consegue compor uma Angela mais perturbada. Ela é a única peça que incrementa esse terror.
Seu bom desempenho para o gênero pode ser conferido também em "O Exorcismo de Emily Rose" e no seriado "Dexter".

Em "REC", a estória que poderia passar desapercebida, conquistou platéias pela forma com que foi apresentada. É claro que a origem do vírus é mostrada de forma parca e não concreta, mas isso não prejudica o contexto.
O decorrer da trama envolve quem assiste por seu universo escuro e sem solução. Entretanto, as modificações que foram feitas por "Quarentena", infelizmente não melhoraram em nada, o que acabou tornando essa adaptação inferior e dispensável.
Conclusão: Sem dúvida, "REC" é o único que vale a pena ser visto.

Filme "SEX DRIVE-RUMO AO SEXO"

A versão sem cortes de "Sex Drive - Rumo ao sexo" é simplesmente uma brincadeira escrachada do diretor e roteirista Sean Anders, juntamente com Jhon Morris, também roterista e produtor do longa que, consiste em adicionar mulheres e homens nus às cenas, sem nenhuma ligação com a estória. Simplesmente estamos assistindo ao filme e passa alguém nu na cena. O close, claro, nos seios e nos pênis. Tosco!!

Bom, esquecendo essa besteira por parte da produção, o filme conta a estória de Ian, interpretado pelo desconhecido, porém, carismático Josh Zuckerman.
Ian, tem o perfil convencional do nerd virgem, que contrabalança sua personalidade entre a ingenuidade e a perversão sexual.

Ian, tem um melhor amigo, Lance, um tipo super sacana que desperta o interesse da mulherada. O curioso é que Lance, interpretado pelo cheinho e também pouco conhecido Clark Duke, foge ao esteriótipo de beleza adolescente. O que gera menos clichê ao batido perfil do personagem garanhão.

O roteiro aqui segue a mesma fórmula explorada desde os anos 80: jovens aventurando-se em busca de sexo casual.
O estilo de comédia do precurssor "Porki´s", ressucitado nos anos 90 por "American Pie", é exatamente a base para o desenvolvimento desta trama sacana.
Além dessas comparações, "Sex Drive - Rumo ao sexo" tem um estilo bem similar ao de "Eurotrip - Passaporte para a Confusão". Entretanto, diante de tanto cotejo, a aventura de Ian, ainda assim, tem uma certa peculiaridade.

Ian, trabalha numa espécie de lanchonete que vende donnuts (roscas) no shopping center local. Por isso, ele, esporadicamente, precisa se caracterizar de rosca gigante, realizando o trabalho de panfletagem para divulgar o local. O que simplesmente é culminante em seu declínio social.
Constantemente avacalhado pelo irmão mais velho, e superado pelo irmão mais novo, Ian, ainda virgem, resolve atravessar o país em busca de uma loira que ele conheceu num site de relacionamento.
Iludido com a idéia de iniciar-se sexualmente com ela, ele, juntamente com Lance, e sua melhor amiga Felicia, interpretada pela fisicamente perfeita Amanda Crew, parte em busca da Srta. Tasty (codinome virtual da loira).
É exatamente nesse ponto do roteiro que é inevitável não reportá-lo à "Eurotrip - Passaporte para a Confusão".

As loucuras pelo meio do caminho são óbvias, porém, a participação de James Marsden como Rex, o irmão mais velho de Ian, é o que acelera mais a trama.
Rex, otário, bruto e ironicamente homofóbico (assista para entender), sai à procura do irmão, por conta de seu carro Pontiac GTO Judge de 1969 que, Ian pegou sem pedir, para impressionar seu contato da net.

Durante a viagem nesse Road Movie, o trio se depara com várias situações bizarras, tendo como a principal uma comunidade Amish, retratada aqui de forma exagerada e subjetiva. Tem até uma ponta do grupo de rock, Fall Out Boy, se apresentando para eles.
O diretor Sean Anders consegue dar um ar desprentensioso à essa comédia, porém, não consegue fugir dos clichês e do desfecho prevísivel, inferindo em um romance barato.
Apesar de ser um filme estritamente adolescente - tanto em sua concepção quanto em seu público alvo - , o filme tem muitas cenas engraçadas, mesmo possuindo uma linguagem depreciativa, mesclada a um amontoado de nudez desnecessária.
Há duas cenas de risada gratuíta, porém, marcantes no filme pra mim: uma é a cena em que Ian cheira o dedo do irmão mais novo (alusão à superioridade sexual do caçula) com direito a um diálogo cômico; a outra é de Ian ajudando uma jovem bêbada, aspirante a Amish, que vibra sempre que ouve a palavra "Rumspringa" - nome dado a uma festa tradicional deles que, foi reproduzida aqui em forma de bacanal. São dois episódios bobos, mas que me fizeram gargalhar.

Confesso, o filme podia ser melhor, mas vale assistir descompromissadamente... frisando, longe do público infante.
O resultado é razoável, mesmo considerando o fato de seu roteiro ser uma costura de vários filmes do gênero.
O destaque do longa vai para o protagonista que, pode se tornar figurinha fácil nesse tipo de filme, e para a participação de Seth Green, como um sarcástico Amish (eu sei, é redundante remeter o adjetivo "sarcástico" à figura de Seth Green, mas foi necessário...).

Filme "17 OUTRA VEZ"

O filme “17 outra vez” é uma comédia criada sob medida para arrecadar bilheteria, tendo como público-alvo os adolescentes. Em outras palavras, é mais um filme bobo e superficial.
O ídolo teen do momento, Zac Efron, é quem protagoniza o vídeo. Ele que, dependendo do ponto de vista, pode ser considerado carismático e bom dançarino, tem uma incontestável falta de talento no que diz respeito à representação. Visto que seu sucesso se dá por um único motivo: sua beleza.
Aí eu me pergunto: pra quê bom desempenho se a indústria do cinema se contenta apenas com rostinhos bonitos? Pois é... Infelizmente é verdade.

Voltando-se agora ao enredo do filme, o mesmo é nada mais que uma película batida sobre um adulto voltar a ser jovem.
E não é de hoje que temas como regressão e troca de corpos se desgastou nas comédias. Ainda assim, isso não é impecílio para que “obras” como esta sejam feitas aos montes pelos ianques.
Em “17 Outra vez” não é diferente. Mais uma vez, nos é mostrado alguém que está sendo afligido por algum tipo de problema, e que por intermédio de forças sobrenaturais, sofre a famigerada troca de corpos – ou, como no caso aqui, o retrocesso etário –, para que assim se possa ser identificado à raiz de sua insatisfação, tendo então, a oportunidade de se corrigir.
Ah, o que acontece, é claro, somente no desfecho, já que durante todo o filme, devido às circunstâncias, o personagem passará por diversas trapalhadas ao tentar se adaptar a nova realidade e a desvendar o porquê do acontecido.

Bom, produções desse tipo, normalmente são sem criatividade. Sem contar na falta de o mínimo que seja de raciocínio lógico. E pior, contam ainda com o “auxílio” de interpretações sem graça e sem naturalidade. Resultando-se assim, em mais um carbono de tantos outros vídeos que temos por aí.
De acordo com esta linha de raciocínio, eu só posso afirmar que os mesmos artifícios usados em películas similares como em “De repente 30” e “Sexta-feira muito louca”, simplesmente não funcionam aqui.

O roteiro em si é uma apresentação de recorrentes fatos aborrecidos. Entre eles está à razão da tal troca de corpos que não é satisfatoriamente definida.
A postura de Zac como um adulto preso a um corpo adolescente, também não convence. Aliás, o comportamento de todo – eu disse todo (!) – o elenco é forçado e esquemático. Sem falar na forma improvável com que o mocinho se relaciona, e se aproxima de sua família... E não para por aí o festival de furos e clichês.
Os personagens são redundantes em tantos estereótipos. Os diálogos rasos e sem nexo. E a falta de química está "presente" em todas as cenas.
Por consequência disto, desde que eu assisti ao filme, não consigo parar de enumerar os furos que o mesmo apresenta.

Outra questão que importuna muito, é que o protagonista é uma versão masculina da aspirante à atriz Hillary Duff.
Ambos são esforçados, porém fúteis, e não conseguem manter segurança por meio da atuação, apelando assim para seus atributos físicos e para projeções que enfoquem isso.
Só espero que ele, como resultado da fama, não opte pelo típico estilo de vida dos jovens astros de Hollywood que se cansam do rótulo da “ingenuidade”, aventurando-se em papéis duvidosos, com o acompanhamento da dependência química, tipo um (a) “maucalay/Lindsay Culkin/Lohan” da vida.

O personagem central da estória, Mike, só serve de arrimo para a alta exposição de Zac Efron.
Sendo assim, o filme existe apenas para desfrutar da bem-sucedida imagem que Zac tem tido na mídia. Idéia esta que fica mais evidente graças aos passos de dança que ele protagoniza junto à brega equipe de torcida de colégio, logo no início do filme. Uma óbvia reminiscência ao folhetim “high School Musical”, sucesso que lançou Zac no mercado.
Portanto, o roteiro é nada mais que um subtexto, ou melhor, um pretexto para manter o galãzinho num vídeo com mais de uma hora de duração, visando o lucro que será angariado pelo público teen – corrigindo, pelo público feminino com menos de 12 anos.

No entanto, o único momento positivo que consegui extrair deste filme foi rever o querido Matthew Perry – o saudoso Chandler do icônico seriado “Friends” – , mesmo sendo ele mal aproveitado no papel de Mike quando adulto. Uma perda de oportunidade considerável que a equipe teve de se arrancar algumas risadas através dele.
Quanto ao ator Thomas Lennon, como melhor amigo de Mike, está bizarro! Com seu personagem totalmente inverossímil, moldado sob uma combinação de cafonice e exagero, só irrita. As cenas dele com a diretora do colégio são patéticas e constrangedoras! Com direito a mais referências do exaustivo “Star Wars” nos diálogos, e tudo o que permeia o mundo dos nerds.

Por estes tantos motivos, acredito que qualquer pessoa com o mínimo de senso crítico se sentirá incomodada com “17 Outra vez”. O filme que de tão pífio, pode ser definido por um simples e trivial adjetivo: bobo.
Mas preciso frisar que o problema não é a temática jovem, ou a intenção deliberada da direção de Burr Steers em passear por um produto do cinema de massa, e sim, a falta de total originalidade, em que não há um resquício sequer de argumento coerente. Somente um mosaico repetido e simplório das situações mais artificiais.

Finalizando o comentário, o longa não me agradou. Pra mim, foi uma verdadeira perda de tempo parar para vê-lo. Por isso, não recomendo. Nem mesmo para quem se denomina fã do rapazinho com cara de boneco "Ken"...
Ah, para quem não conhece, é o namorado da Barbie.

08 julho 2009

Filme "ELE NÃO ESTÁ TÃO A FIM DE VOCÊ"

Grandes expectativas eu alimentei em relação a “Ele não está tão a fim de você” antes de assisti-lo. O motivo? Inicialmente por ser um filme com um elenco recheado de estrelas.
Infelizmente, após ver o vídeo, o resultado não foi nada satisfatório em muitos sentidos, principalmente no que diz respeito ao casting que, não podia soar mais aspirante.

Normalmente filmes do gênero são repetitivos e previsíveis quanto à temática escolhida; este aqui não foge à regra. Não existe nele motivos suficientes para que se possa o enaltecer, nem sequer classificá-lo como indispensável – pelo menos, para os homens. Contudo, por algumas sutilezas, o mesmo se desvia consideravelmente da mesmice.
O roteiro inicialmente se mostra confiante, trazendo dilemas e questionamentos amorosos atuais à tona, porém, o seu desenrolar se desgasta por soar pretensioso além da conta, como se o mesmo estivesse ali para revelar o conceito-mor da essência dos relacionamentos.

O ingênuo diretor Ken Kwapis, apresenta nove personagens sob o intuito de fazê-los vivenciarem diversas situações amorosas, em que se possam abordar as questões culminantes de cada uma para que se voltem, unanimemente, para um fim específico: revelar a indiferença masculina nas relações amorosas, como o próprio título antecipadamente define.
O primeiro maior problema do filme é exatamente esse: apresentar suas conjunturas assim, de forma extremamente didática. Parece que ao invés de entreter, o filme está ali, substancialmente, para ensinar à singular e boa lição sobre o amor. Presunção percebida desde o intróito do filme até os depoimentos avulsos entre o discorrer da estória – mais interessantes que a estória em si.
O que poderia funcionar como uma bela brincadeira junto ao tema derrapa por forçar a barra numa seriedade desnecessária. Portanto, o que começa habilmente bem, se torna chato como um vídeo educacional, o que teria mais êxito se não fosse tão óbvio.

Os diálogos na trama funcionam em parte. Em meio a conceitos interessantes, o mesmo cai no piegas pelo excesso de expressões niquentas como “homem dos meus sonhos”, “foi mágico o nosso encontro”, “sei que você gosta de mim por causa dos sinais”, “essa é a regra... essa é a exceção”, e etc. Pecando assim, por perder a naturalidade do momento.
E como se tornou praxe em filmes românticos, os estereótipos estão presentes, a novidade é que os tais não estão exatamente delineados. Os furos maiores mesmos ficam ao encargo das situações desgastadas em que se envolvem os personagens.

Os clichês também não são claramente os vilões; o supracitado roteiro em si – ainda acima da média – é que falha pelo excesso. Sem ápice ou um ato marcante, vemos aqui nada mais que um desenrolar previsível e longo de inúmeras histórias recheadas de peripécias.
O ponto forte do filme poderia ser aquele que atraiu minha atenção a princípio: o grande elenco... Caso o mesmo não se destacasse simplesmente pelos belos fenótipos.
Todos os atores escalados aqui tiveram um desempenho insosso, limitando suas interpretações em conversas incessantes.
Jennifer Connelly e Bradley Cooper até estão confortáveis em seus papéis, possuindo os personagens mais exigentes em termos de atuação. Já Justin Long e Ginnifer Goodwin (com sua personagem irritantemente bem representada), carregam o filme e roubam quase todas às cenas, ainda que não sejam interessantes (como todo o resto), enquanto Scarlett Johansson não faz nada a não ser mostrar-se insinuante. Ben Affleck, porém, continua insistindo em uma profissão mais do que provada por si mesmo que não é para ele, equiparado a canastrona Drew barrymore, totalmente apagada.

O segundo maior problema desta produção é o drama hiperbólico que a direção cria em torno de alguns assuntos banais. Beth (Jennifer Aniston), por exemplo, que não se contenta com seu um romance sólido por ela não estar oficialmente casada com seu cônjuge, aborrece, tornando a questão uma vicissitude versão de conflito adolescente, o que ocorre com os outros casos.
É claro que a proposição dos enredos pode incitar no público feminino uma identificação pessoal, mas fazer com que elas se importem de forma significativa com as personagens, é improvável.

Agora eu confesso: o filme não é ruim, mas poderia ser melhor, assim como os cenários que mantiveram o mesmo aspecto, com tijolos à mostra e ambiente rústico em quase todos os lugares.
No fim, “Ele não está tão a fim de você” se conclui com recursos típicos de comédias românticas, com cenas apaixonadas, comportamento masculino manipulado e desfecho positivo em cada núcleo.
A comicidade ficou em dívida, mas com o discorrer da estória vemos que o enfoque não era esse, e sim, cumprir deliberadamente – de forma até bem intencionada e com certo conteúdo – , seu exclusivo papel: desiludir as mulheres.

Filme "A VIDA É BELA"

Protagonizando, dirigindo e co-roteirizando essa película, Roberto Benigni conseguiu entregar um dos mais belos filmes tragicômicos dos últimos tempos.

O filme tendo como referência um holocausto, conta a estória de Guido Orefice (Roberto Benigni), um homem judeu que se apaixona por uma professora. Ela, Dora (Nicoletta Braschi), que estava noiva de um jovem rico, é cortejada de forma tão encantadora e incomum por Guido que, acaba abandonado o noivo para investir num romance mais poético, digamos assim.
Através dos métodos usados por Guido para conseguir conquistar Dora, podemos ver sua essência onírica e otimista de encarar as coisas.
Os dois casam e tem um filho, Gisué. Ao passarem os anos sob os efeitos da segunda guerra mundial, Guido e seu filho são levados prisioneiros para o campo de concentração devido à sua origem semita. Consequentemente, Dora, sua esposa, entrega-se também aos Nazistas, ficando na ala feminina do mesmo campo.

O clima pesado, as ocorrentes mortes, o demasiado mal trato, tudo soa demais para a mente de uma criança processar. Por este motivo, Guido, numa tentativa de aliviar a imagem dos acontecimentos, apresenta toda aquela situação a seu filho como um jogo em que os alemães desempenhavam papéis de maus, e no qual se ganhavam pontos por cada atividade feita.

Esse homem de grande imaginação e alto astral tenta distrair a atenção dos seus para que todo aquele pesadelo seja amenizado.
As cenas em que ele tenta contato com sua esposa, inclusive oferencendo-lhe música pela rádio do local, é tocante!
Ele consegue manter o filho em seu alojamento escondido por semanas, visto que as crianças não ficam com seus pais. Assim ele adia a morte, sem perder a esperança e sem comprometer o clima do jogo inventado para o filho. Até mesmo a ferida exposta de alguém é garantido ao filho de que faz parte da brincadeira.

A narrativa do filme é pura poesia. A beleza está em cada imagem, analogia e metáfora captada. A trilha sonora, os cenários, o enquadramento aterrador, são envoltos numa obra primorosa, sob um humor sutil, puro e apaixonante.
Em meio às cinzas, Guido faz questão de apresentar a variedade de cores para o filho, não deixando em nenhum momento de convencê-lo como "a vida é bela", por mais irônico que soasse em sua realidade.
independente se as cenas ao redor mostram o contrário, Guido mantem-se firme em sua fantasiosa idéia de que tudo é um jogo.

Após um filme assim é difícil não achar razões pela qual "Central do Brasil" perdeu para ele a estatueta de melhor filme estrangeiro. O bem apresentável filme de Walter Salles, com a ótima atuação de Fernanda Montenegro, não tinham consistência suficiente para superar a beleza de "La Vita è bella". O filme é belo até no nome. Um trocadilho mais que justo.

A mensagem mais firme do filme com certeza é a sensação de "papel cumprido" que Guido transmite. Bem sucedido em sua luta pelo amor de Dora no primeiro ato do filme, repete a dose com o filho que em nenhum momento desconfia da gravidade da situação.
A cena mais comovente e marcante dessa projeção, sem dúvida é o momento em que Guido passa diante do filho com uma arma em sua mira para ser executado, e o filho escondido (por acreditar que é necessário para o jogo) observa seu pai que segue sorrindo e fingindo marchar para que o pequeno acredite que é apenas um brincadeira. Realmente conter as lágrimas neste momento não é uma tarefa fácil.

O filme mantém um bom nível desde sua fotografia escura até as atuações que, ainda não superando Fernanda Montenegro, foram precisas. Era de se esperar o Oscar.
"A vida é bela" é um dos poucos filmes que assisti sem a pretensão de ver algo bom e me surpreendi.

Filme "AS RUÍNAS"

Como mais uma adaptação cinematográfica de literatura bem sucedida, apareceu o terror jovem "As ruínas". Como não li o livro, vou limitar meu comentário ao filme.

O enredo do filme é o mais básico possível. Dois casais jovens em meio as férias dos sonhos, estão curtindo num hotel à beira-mar, farreando, até que aparece um jovem desconhecido propondo diversão ao grupo em ir explorar umas ruínas de origem Maia que, não ficam muito longe do hotel em que estão. Obviamente, eles aceitam e partem para a "aventura".
O desenrolar do filme é bastante simplório, desencandeando em cenas de complexidade mediana. O típico filme "estou sendo ameaçado e preciso escapar vivo" é exatamente o que registra "As ruínas".

Na verdade, as ruínas são basicamente uma pirâmide coberta de uma espécie de ervas daninhas em meio a uma mata. Ao escalarem a mesma, o grupo de cinco jovens descobrem algo ameaçador, e ao tentarem escapar eles se deparam com uma tribo ao pé da pirâmide evitando que eles saiam. Se preciso, até matando-os para que não deixem as ruínas.
Qual o motivo para isso tudo? Aí é que entra a questão mais vil do filme. O que assusta a tal tribo e coloca em risco a vida dos jovens são, nada mais nada menos que, as tais ervas daninhas.
Como resultado de alguma maldição, vai saber, elas meio que criaram vida, ganhando movimento e tomando posse dos corpos humanos, enfiltrando-se pela pele, "desabrochando" externamente. Quem toca as ervas, automaticamente começa a mostrar algum vestígio da presença delas no corpo, razão do medo da tribo que, não quer que a praga se alastre.
O grande feito do filme é não ter deixado transparecer a banal ameaça florida em seu trhiller.

Às vezes quando o filme tem uma estória fraca, porém divertida, salvam-se alguns furos. No caso dessa película, seus erros são grotescos, quase comprometendo total o entretenimento. É sofrível o desenvolvimento do terror que assola os jovens. O maior furo do filme está na existênca desconhecida da tal ruína maia. Numa era em que tudo é captado via satélite, não faz sentido. Assim como a tribo, já bem desenvolvida do local, portando armas de fogo e tudo.

A atitude dos personagens é o que mais aborrece. O descuido em certas situações, com fatos evidentes que deveriam ser evitados, mas que acontecem pelo descaso dos mesmos (como o morimbundo que fica próximo das ervas como se fosse intencional por parte do grupo).

O filme tem um certo clima perturbador, com direito a cenas escuras em meio a uma caverna asfixiante, repleta de ervas "assassinas". Sua fotografia em torno das plantas funciona. E é inevitável não sentir uma certa tensão em assistí-lo, assim como não podemos deixar de afirmar que por mais tosco e nada persuasivo, sua estória tem uma parca originalidade junto ao tema, fugindo do terror que necessita exatamente de recursos padrões como serial killers, ou fantasmas. Entretanto por ter sido mal elaborado e demasiadamente utópico, o filme torna-se esdrúxulo.

O elenco, sem renome, transmite com realismo o desespero da situação na maioria das vezes. Sendo o mais forçado da turma o ator Jonathan Tucker, não desconhecido, porém, não talentoso o suficiente.
A atriz Jena Malone, é a mais convincente entre eles. A única com uma atuação realmente relevante. Continuando, tem a presença também de Laura Ramsey, esta que até então tem estado presente somente em filmes adolescentes abaixo da média.

Tenho que reconhecer que há cenas de violência na dose certa, efeitos especiais bem feitos, contudo, "As ruinas" é uma projeção infeliz que poderia ser mais divertido, caso não fosse tão improvável.
As cenas merecedoras de qualquer escárnio são as que mostram as tais ervas daninhas imitando sons como se fossem papagaios, simulando até o toque de um celular. Desculpe, mas essa pérola merecia ser citada.

No mais é isso, se tiverem tempo assistam descompromissadamente, caso não disponibilizem do mesmo, não faz mal. Não irão perder nada.

Filme "P.S. EU TE AMO"

A princípio, fora dos padrões convencionais das comédias românticas, "PS. Eu te amo" inova ao mostrar a continuidade póstuma de um amor, o que é uma conquista em uma era em que o piegas impera.
Seu roteiro, feito para emocionar quem o assiste, não se define ao certo por drama ou comédia romântica, embora acerta em cheio ao mesclar ambos os gêneros, fazendo assim o espectador limpar as lágrimas após iniciar um ligeiro sorriso.

Hillary Swank ("Menina de Ouro") e Gerard Butler ("300") protagonizam este romance como um casal simpático que, logo de início no filme dão um vislumbre de sua relação entrosada, com direito a briguinhas banais finalizadas na cama, sendo um tempero à parte na convivência dos dois.
O romance como o atrativo da estória não é necessariamente palpável aqui, o desenrolar é por meio de cartas que Holly, personagem de Swank, recebe ao decorrer do filme enviadas misteriosamente por seu marido Gerry (Butler), falecido de câncer logo no início.
Após o enterro de Gerry, inconsolável e perdida, Holly, recebe como presente em seu aniversário uma fita de áudio de Gerry, contando a noticia de que ela receberá correspondências suas. Ao prever antes que a sua doença culminaria em morte, Gerry se preparou para surpreender Holly com as tais cartas, para que após seu falecimento ela viesse as receber. O mais interessante é que a estória é cuidadosamente conduzida, evitando qualquer morbidez aparente à trama.

Simples assim, o filme é isso, um enredo apaixonante sobre uma recém jovem viúva amparada por cartas de seu saudoso marido, que tem como intenção fazer com que ela se firme em seus propósitos, reaprendendo a viver sem a presença dele, curtindo tudo que ela ama e que deixou pelas circunstâncias.
Não parece ser a mais convencional narrativa romântica, mas pode acreditar, o filme não se perde e consegue, com drama e humor na dose certa, atingir uma beleza poética.

Ver Hillary Swank como alguém feminina, bem vestida, tendo crises fúteis e peculiares como qualquer mulher normal, não é uma tarefa fácil. Ela não está em sua melhor forma no quesito atuação. E sua paixão por Gerry não é a mais convincente (já não é o caso de Gerard Butler), mas ela não faz feio.
Gerard, ainda com a imagem de Leônidas bem vívida, conseguiu encarnar um homem divertido, romântico e apaixonado. A carga emocional do casal se pendurou basicamente na pessoa dele.

Não escapando também de ter sutis derrapadas e alguns clichês, "P.S. Eu te amo", ainda assim, está longe de ser apenas mais um superficial "água com açúcar" cinematográfico, e isso se deve a sua essência repleta de beleza, conteúdo e profundidade, o que é perceptível até mesmo nos diálogos, tão reflexivos não correndo em nenhum momento o risco de cair no descaso.
Quem também merece elogios é a trilha sonora que é simplesmente condizente. Uma seleção bem escolhida, com destaque para "Same Mistake" de James Blunt, que teve seu momento hit.

Kathy Bates, mesmo sempre em papéis coadjuvantes, consegue incorporar otimamente a mãe de Holly. Quanto ao restante do elenco, a meu ver, foi um erro escalar como amigas de Holly, Lisa Kudrow (a eterna "Phoebe") e Gina Gershon (pura canastrice). Ambas sem química, não convencem e tornam-se dispensáveis. Lisa, por exemplo, apesar de maravilhosa no gênero comédia - julgando por seu ótimo desempenho no icônico seriado "Friends" -, está totalmente perdida no filme.

Enfim, com um ar sofisticado e literalmente emotivo, o filme é belo em sua essência, conseguindo por si só trazer boas lições sem parecer apologia direta.
A palavra "qualidade" é com certeza um dos adjetivos mais propícios para definir "PS. Eu te amo" (frase com que o personagem Gerry termina suas cartas para Holly).
Diversão em meio a emoção é o que oferece esse belo filme. Ótima pedida para quem está amando.

Filme "INVASORES"

A refilmagem "Invasores" até onde sei, não obteve boas críticas. Até entendo, pois mesmo cada uma com sua peculiaridade e objetivo, são inevitáveis as comparações com as adaptações anteriores. Porém, quero neste comentário, olhar esse remake como algo singular.

Nessa ficção que pende para o suspense, temos a ótima Nicole Kidman que, depois do memorável suspense psicológico "Os Outros", mostrou que deveria investir mais em papéis do gênero.
Sua expressão é uma das melhores quanto a traspassar o pânico de um personagem. O que é muito explorado nesse longa dirigido por Oliver Hirschbiegel.
Infelizmente o roteiro não é dos melhores, mas o filme é uma diversão à parte. Nicole praticamente merece os créditos por grande parte do entretenimento.

Na sinopse vemos que após um acidente espacial, começam a ocorrer fatos estranhos, como algo resultante do mesmo.
Nosso mundo agitado e barulhento, vai tornando-se calmo, sem uma razão plausível. As pessoas parecem que tomaram vacinas à base de frieza e falsa diplomacia.
Carol Bennell, personagem de Nicole, como psicológa, passa a perceber a inexistência súbita de emoção por parte das pessoas ao seu redor. Até mesmo presenciando um suicídio em local público, as pessoas se mantém indiferentes diante de tal tragédia.

Daniel Craig, entra em cena como o Dr.Ben Driscoll, amigo de Carol. Ao especularem ambos a razão do comportamento incomum das pessoas, eles descobrem através de pesquisas um certo hospedeiro alienígena que está se propagando como um vírus entre os seres humanos.
A estória começa a ficar atrativa no momento em que Carol desvenda o fato de que quem foi infectado percebe quem está ileso através de seu comportamento expressivo. A partir dessa premissa, passamos a ver o decorrer da trama sob a ótica de Carol.

A parte mais intrigante do filme e ponto alto para a atuação de Nicole, é exatamente quando ela vivencia os momentos mais tensos caminhando pela rua, reprimindo qualquer sinal de emoção, em busca de seu filho que está com o pai, possivelmente já infectado. E o mais incrível é ver Nicole simultaneamente apavorada, enquanto finge estar indiferente com os acontecimentos caóticos ao seu redor para não ser descoberta e contaminada.

A impotência, o medo, a preocupação com o filho sentidos por Carol, fazem com que Nicole seja a pólvora do filme, deixando Craig numa posição coadjuvante na mais pura essência de tal posição.
O maior erro do filme foi incluir uma criança à história, pois os momentos em que ela aparece são os mais batidos do longa. Já o grande acerto do filme é utilizar como a ameaça da vez, pessoas aparentemente comuns.
Sem excessos e mortes escabrosas, o filme consegue prender a atenção e deixar o espectador inquieto na cadeira.

Os problemas políticos e sociais são abordados como subtexto na trama. O que cai muito bem.
Diante dessa atmosfera aterradora e retesada, "Invasores" é diversão garantida.

Filme "HERÓIS"

O filme "Push", por intermédio da tradução no Brasil, ganhou o nome de "Heróis". O engraçado é que nem o título original nem o adaptado condizem exatamente com a trama em si. Parecem mais uma mera alusão do que algo definido.

A estória do filme apresenta um jovem, Nick Gant (Chris Evans), que presenciou o assassinato de seu pai, devido a um tipo de poder sobrenatural que ele possuia.
Com o passar dos anos, agora jovem, Nick percebe que herdou a mesma habilidade de seu genitor, e por isso precisa se unir as pessoas certas para escapar dos mesmos agentes que mataram seu pai, estes que pertencem a uma organização que busca aniquilar pessoas que possuem os tais poderes.
Ele encontra Cassie (Dakota Fanning), uma jovem de treze anos que possui o poder de prever o futuro, e se une a ela para manter-se vivo.
Kira (Camilla Belle), uma antiga namorada de Nick, também entra em cena nesta jornada.

Este filme é nada mais nada menos que mais uma história de jovens que, por algum motivo, nasceram com um tipo de mutação genética, resultante no surgimento de super poderes. Contudo, o roteiro sob os cuidados do desconhecido David Bourla, alcançou uma certa peculiaridade. Portanto, mesmo sob uma premissa requentada, o filme tem lá sua originalidade.

Embora, relevando as questões positivas do filme citadas acima, os problemas que o mesmo possui, prejudicam e muito (!) o resultado.
O discorrer da estória que poderia ser bem aproveitado, acaba se perdendo, dando origem a um desenvolvimento altamente superficial, graças a uma direção incauta.
A explicação da trama - lacônica e pouco detalhista - basicamente limitou-se ao prólogo do filme.
Até tentaram compensar a escassez de conteúdo com cenas de ação, porém, as mesmas não foram suficientes. Assim, tudo ficou com um aspecto comedido, dando ao público apenas um vislumbre do que poderia ser o universo dos tais Heróis.
É claro que se vê efeitos especiais, cenas de luta, o último ato bem movimentado, mas mesmo assim faltou consistência.
O próprio protagonista Nick, desconhece a probidade do seu poder - ele consegue com o movimento das mãos lançar coisas ao longe - , e passa o filme todo tentando dominar o mesmo, sem conseguir assimilar em quê isso pode acarretar.

Quanto aos poderes dos personagens, no geral, são todos simples, quase não necessitando de recursos digitais para apresentá-los.
Uns lêem mentes, outros prevêm o futuro, outros emitem um som de grande potência, atordoando o adversário... ou seja, nada que já não tenha sido visto.
O poder mais interessante mesmo é o de Nick, entretanto, essa habilidade, como foi supracitada, é pouco explorada.

Em todas as cenas o poder dele é mostrado sem a grandiosidade com que é apresentada no cartaz do filme. O máximo que se vê são objetos pequenos voando, ou pessoas sendo empurradas. E tudo bem desconcertado, já que o mocinho ainda não sabe usar seu "dom'.

Agora, analisando os atores que encorpam o elenco, eu gostei de Chris Evans ("O quarteto Fantástico") no papel de Nick, que se mostrou à vontade junto às cenas de ação. Carismático, ele hoje está mais convincente como ator.
Camilla Belle ("10.000 a.C."), como Kira, está mais bonita do que talentosa. A inexpressão dela e a falta de química com Nick, incomodam.
Ja a brilhante Dakota Fanning ("Guerra dos mundos"), foi a responsável por roubar as cenas, interpretando a adolescente Cassie, mesmo com o papel não exigindo tanto dela.
Foi inusitado vê-la bêbada em uma cena do filme. Um tanto polêmico pela idade da personagem, mas como ela é especialista em atuações de vanguarda, isso passará batido.

Em suma maioria, o filme é moldado às regras do gênero, tornando-se fácil o trabalho de identificar referências de outros filmes, como por exemplo, "Jumper "(2008).
O enredo de ambos segue o mesmo clima e a mesma composição rasa. Entretanto, a similaridade não se restringe aqui.
Na verdade, o filme "X-men" parece ter sido a grande fonte de inspiração de "Heróis". É como se o diretor Paul McGuigan, tivesse a intenção de criar uma versão teen alternativa com essa estória que, não pode negar sua procedência.

Enfim, se o público não se importar com o rápido desfecho, o proveito será satisfatório, afinal, o filme não é de todo ruím.

Filme "OS ESTRANHOS"

A maior pretensão de "Os Estranhos" foi tentar passar a imagem (descarada e enganosa) por meio de seus créditos que o filme é baseado em fatos reais. No mais o filme só tem um único objetivo: tentar atrair a atenção do público. Menos mal já que pra isso, parece não importar que aspectos importantes passem desapercebidos.

Um roteiro simples que cai no desgaste devido as inúmeras películas similares, apresenta um casal, interpretado por Liv Tyler e Scott Speedman.
O casal chega de uma festa, numa casa aparentemente comprada para férias, a qual pertence ao pai de James, personagem de Scott. Frustrados com o desconcertante fato de um pedido de casamento ter sido feito por parte de James, o qual não foi aceito por Kristen (Liv), os dois iniciam uma discussão sobre o rumo de suas vidas. Logo, de forma bem objetiva, começam a ser importunados por uma estranha garota do outro lado de sua porta questionando a presença de alguém ali, que eles desconhecem.

O clima que muitos descrevem como realista e tenso, eu apresento como monótono e longo (por mais que a duração sejam míseros 85 minutos).
O filme erra em deixar esperar tanto para começar o clima de suspense, afinal, só temos, à princípio, dois personagens que, por sinal, estão tão chateados que quase optam pelo silêncio total. Ou seja, nada interessante.
Quando Kristen (Liv) fica sozinha, começam as aparições de figuras estranhas na casa. Um homem, uma mulher e a tal jovem da porta, com máscaras assustadoras, aterrorizando a personagem de Liv Tyler, entrando e saindo da casa sem que se possa impedir.
O evidente objetivo, por parte dos estranhos, de assustar a vítima antes de tentar qualquer coisa, dá lugar aos clichês que tomam conta da situação.

Na realidade não há como saber ao certo qual será a reação de uma pessoa ao se deparar com tal situação da personagen de Liv, então o diretor Bryan Bertino opta pelo comportamento batido da "mocinha" que começa por desespero agir insanamente, saindo da casa e protagonizando cenas risíveis em tentativas previsíves de escapar.

"Os estranhos" não apresenta nenhuma novidade. O final quase padrão do momento (vi um igualzinho recentemente em "Violência gratuíta") só irrita.
O pior é ver que o filme ficou sobre o encargo de Liv Tyler, que apesar de não estar ruím, não tem carisma suficiente para atrair atenção à trama.
Agora, algo quase cômico é ver Scott Speedman numa tentativa infeliz de transmitir tensão.

A atmosfera aterrorizante que se tenta criar com Liv sendo cercada por estranhos mascarados, que não se sabe nada deles, nem sequer vemos seus rostos, é frustrada pelo sensação de "deja vu" barato que há nessa película.
Totalmente fraco e exaustivamente explorado, o tema cai no fiasco.