Bom, o filme "Separados pelo casamento" não é estritamente uma comédia romântica como foi divulgado. Há algumas cenas características, mas não o suficiente para rotularem o filme a esse gênero em específico. Inclusive, nem o próprio roteiro define isso.
O filme também não é uma propaganda enganosa como alguns críticos afirmaram, entretanto, foi um chamariz totalmente intencional vendê-lo como comédia romântica para o público.
Até o cartaz do filme – com uma imagem criativamente sugestiva ao título –, transmite a idéia de que o filme é um romance cômico convencional, o que não passa de uma mera e distrativa jogada de marketing. Sendo que, a película é simplesmente um retrato verossímil de um relacionamento problemático.
Até o cartaz do filme – com uma imagem criativamente sugestiva ao título –, transmite a idéia de que o filme é um romance cômico convencional, o que não passa de uma mera e distrativa jogada de marketing. Sendo que, a película é simplesmente um retrato verossímil de um relacionamento problemático.
Como toda comédia romântica termina com a união do casal central, esta projeção recorre ao contrário, iniciando-se exatamente onde os filmes terminam: no "felizes para sempre", apresentando o que acontece após isso.
Apesar de haver alguns exageros, eu gostei muito da proposta do filme, não foi mais uma estória previsível e romantizada ao extremo.
A sinopse é esta: Um casal começa a ter problemas constantes em seu relacionamento devido a incompatibilidade de genes. A solução extrema tomada por ambos é a separação. Porém, decidem continuar juntos no apartamento mantendo uma vida individual.
Diante desta situação, os enredos se descambam em provocações diretas e indiretas, onde um sabota os planos do outro, culminando em um clima insustentável.
O maior acerto do diretor Peyton Reed foi escalar Vince Vaughn ("Penetras bom de bico") e Jennifer Aniston (da extinta série "Friends") - eles que tiveram um affair durante as gravações - para estrelarem a película. Ambos foram totalmente convincentes em seus papéis.
O clima pesado das discussões; a revolta pelos motivos banais; a tensão da relação; tudo foi muito bem transmitido pela dupla.
Vince que normalmente estrela filmes pastelões, passou a segurança de todo um preparo para encarnar seu personagem. Mesmo aparentando às vezes inibição, ele conseguiu cumprir o que o papel pedia. Além dele ter cooperado com a criação do roteiro.
Jennifer Aniston ainda não é uma atriz memoravel, mas ela consegue interpretar tudo que lhe é oferecido. Para uma personagem complexa como esta, precisava realmente de alguém talentosa, e ela foi a melhor pedida. Talvez outra figurinha carimbada do gênero não conseguisse explorar o papel como ela fez.
É evidente que o filme é interessante - apesar da estória papalva - graças à interação do casal. A dessemelhança em relação às comédias românticas padrão é logo notada, e essa distinção proposital torna o filme singular, e talvez precursor de um estilo realístico e alternativo.
Os diálogos inteligentes e bem costurados da trama tornam o filme frio em alguns momentos. Atrevo-me até a afirmar que espectador fica com a uma sensação de estar presenciando pessoalmente as discussões acaloradas do filme que, chegam a constranger.
Peyton Reed ("Sim senhor!") conseguiu criar um filme sólido, diferente e realista. Pode agradar o público que não aguenta mais romances prenunciados, como pode ofender os espectadores que curtem filmes ingênuos e açucarados.
O final atípico, mas compreensível, foi uma conclusão ousada a meu ver. E a maturidade para tal desfecho já basta como ponto positivo para o projeto.
O filme teve seus momentos exaltados, frívolos, pretensiosos, mas como o casamento é uma experiência única para cada casal, não se pode criar um paradigma comportamental, por isso, Gary Grobowski (Vince Vaughn) e Brooke Meyers (Jennifer Aniston) pode estar em qualquer lugar, até mesmo em nós.
Enfim, "Separados pelo casamento" é recomendado por mim por estes motivos acima, e principalmente por não ser só mais um integrante da liga dos DVDs cor de rosa.
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