30 junho 2009

Filme "GUERRA DOS MUNDOS"

Longe de fazer qualquer comparação com o veterano "A guerra dos mundos" de 1953 - pois se assim o fizesse seria injustiça, devido ao espaço de tempo entre as obras - , o remake de Steven Spielberg apresentou um dos mais empolgantes filmes de ficção cientifíca dos últimos anos.
Há um certo favoritismo de minha parte em relação a esta película, exatamente por eu ser um admirador convícto do trabalho de Spielberg, creditado por causa do espetacular "Jurassik Park".

"Guerra dos mundos" é um filme impetuoso. A ação está constantemente presente, quase em rítmo de thriller.
A tensão é infiltrada aos poucos; os efeitos especiais, ainda que em algumas cenas se mostrem confusos, são notáveis. Sem falar nas precisas atuações que só temperam a trama.
Já o roteiro, na verdade, não é um exemplo de criatividade, assim como o tema não é inovador - invasão de alienígenas - , contudo, como um representante do gênero ficção, ele funciona e muito bem. Mesmo havendo alguns furos (salientarei pelo menos um logo mais), o filme cumpre seu papel como mais uma obra de Spielberg.

Ao contrário do sucesso "Independence Day", o blockbuster "Guerra dos mundos" não concentra seus ataques extraterrestres somente nos EUA. Desta vez, os americanos não são colocados como centro do universo, ou o único objetivo dos aliens. Ótima sacada quanto a este fato.

O filme capta também vários pontos antes ignorados em filmes sobre ETs: o foco na dor e no desespero das pessoas.
Nesta trama foram bem destacadas, e conseguimos ver de forma mais provável como seria a reação dos seres humanos ao serem atacados por criaturas de outro planeta. A curiosidade inicial das pessoas, o pânico em seguida, tudo retratado de forma bem convincente e real.

Acredito que os momentos iniciais do filme, em que se concetra todo o suspense em torno do que está por vir, é a parte mais atrativa do filme. O espectador fica vidrado no que está ocorrendo.
Raios caindo aos montes, tudo que é objeto elétrico deixando seu funcionamento normal, até o momento em que vemos o chão da cidade sendo rachado de forma violenta e inesperada, sem qualquer explicação. Então surge a primeira "nave" incinerando tudo que é pessoa com seus raios. Super envolvente!

O mais interessante é que em meio a tantos efeitos visuais e um rítmo acelerado, o clima sombrio toma conta da estória, não sintetizando o script em simples cenas de ação.
Quem agradece por tudo é a fotografia, que está magistral com seu ar obscuro.

No elenco temos Tom Cruise, que está sólido em seu papel, estrelando como o personagem Ray.
Elogiável a sua atuação segura e bem conduzida aqui. A melhor parceira entre Spielberg (direção) e Cruise (protagonista), com certeza!
Agora quem realmente rouba a cena como a neurótica e histérica garotinha Rachel, é o talento nato, Dakota Fanning. Ela que já provou sua versatilidade, aventurando-se entre tantos gêneros, como suspense, ação, infantil, drama e comédia romântica, agora prova que a euforia que envolve ficções científicas não a impediram de brilhar mais uma vez. Pra mim, a melhor atriz mirim da atualidade.

Tim Robbins faz uma ponta no longa, rápida, mas memorável. O único que tirou o brilho do filme, não deixando que o mesmo fosse unânime no quesito atuação, foi o rostinho bonito (e nada mais que isso) Justin Chatwin, interpretando Robbie, o filho mais velho de Ray.
Com uma atuação indiferente, ele consegue manter a mesma feição o filme todo, quase como o insosso Steven Seagal.

O conflito familiar que existe entre o protagonista Ray, e seus filhos, Rachel e o adolescente Robbie, dá lugar também ao drama, sem cair no caricato, porém, não escapa do clichê.

Bom, como nem tudo é perfeito, um dos erros mais grotescos do filme se dá em seu desfecho. Como disse que iria citar, a maior falha do filme foi subestimar a inteligência da platéia. Por exemplo, ao mostrar as investidas dos extraterrestres contra à terra, que pareciam indestrutíveis com seus terríveis Tripods (suas naves gigantes em forma de tripés ), culminou-se no insucesso, exatamente porque as tais criaturas, que estiveram há anos escondidas no subsolo estudando o comportamento humano, não tiveram a capacidade de detectar o perigo em nossa água e em nosso oxigênio, ambos letais à sua sobrevivência.

Portanto, devido a furos amadores como este acima, o filme "quase obra-prima", cai na própria armadilha de sua finalização preguiçosa, ficando marcado apenas como uma mega produção-pipoca, não sendo nada mais que uma ótima pedida comercial para as horas de folga.
No mais, recomendo pelo entretenimento garantido. O que é indiscutível.

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