21 janeiro 2010

Filme "JOGANDO COM PRAZER"

Em seu início de carreira, Ashton Kutcher ao fazer parte do psicodélico e engraçadíssimo seriado “That 70´s Show”, uma sitcom com um “Q” de “Friends”, na qual ele co-estrelava e eu sequencialmente acompanhava, surpreendeu com seu carisma. Ali, ele conseguiu provar seu timming junto à comicidade, fazendo bem seu personagem e por vezes roubando a cena. Por este motivo, eu não entendo como alguém que iniciou a carreira de forma tão promitente, inclusive, tomando a ousada atitude de se distanciar da série que o lançou no mercado para tentar a sorte em Hollywood, hoje simplesmente não consegue oferecer nada além de um suposto rosto bonito.
E por mais versátil que ele tente aparentar, no fim, seu esforço apresenta sempre a mesma característica: a dubiedade.
Todavia, especificamente neste caso, não só Kutcher, mais também seu novo filme “Jogando com prazer”, estão igualmente sofríveis.

O diretor de “Jogando com prazer”, David Mackenzie, não é nenhum profissional de renome, apesar de ter feito dois bons trabalhos a meu ver: “Pecados ardentes” com Ewan Mc Gregor e “Olhar de desejo” com Jamie Bell. Contudo, o diretor inglês desta vez se supera na falta de objetivo. A estória do filme é fraca e desinteressante; as atuações, por sua vez, aborrecem com tanta irregularidade; e a gratuita denotação sexual das cenas constrange.

Na estória, Nikki (Ashton Kutcher), um típico gigolô que namora Samantha (Anne Heche), se sente privilegiado por suas tantas conquistas amorosas e financeiras. Isso até conhecer Heather (Margarita Levieva), uma garçonete do tipo que se enquadra no perfil de “mulher dos sonhos”, fazendo- o perceber o quanto ele não é realizado no amor. No entanto, esta não pode o corresponder romanticamente falando.

Não tendo muito o que falar deste filme, exatamente por ele ser incomodamente raso, o mesmo é só isso: uma razoável e avulsa película que não progride.
E como já dito, outro ponto de “Jogando com prazer” que vem causando polêmica, além do fato de sua estória não atingir uma sintonia, e assim, se estagnar em muitos momentos, é a sua deriva em cenas sexualmente tórridas e desconcertantes – sem querer passar a idéia de falso moralismo.

Voltando-se novamente ao desempenho do protagonista, eu nem sequer consigo alegar o que é pior: presenciar sua tênue interpretação, ou assistir uma atriz mediana e desenxabida como Anne Heche desbancá-lo.
E mesmo ele tornando claro para o espectador que o seu forte não é o drama, ainda assim, o mesmo insiste no gênero, como por exemplo, no filme “Por amor”, também recente, em que sua presença é então suplantada pelo talento da veterana Michelle Pfeiffer.

Agora, comparando-o a Meg Ryan quando esta, cometeu o crasso erro de estrelar o desnudo longa “Em carne viva” em 2003, este mesmo erro poderia ser reportado a Ashton Kutcher, devido a ele se envolver em um projeto similarmente fútil e expositivo como “Jogando com prazer”.
Afinal, ambos em assim o fazerem, desvirtuaram suas empáticas imagens, para se infiltrarem em produções contextualmente pobres e excessivamente erotizadas. Embora, é claro que, a repercussão negativa com relação à figura de Ashton com este filme não se equipara as mesmas proporções que teve a de Meg Ryan.
Em primeiro lugar, ela é mulher e ainda vivemos em uma sociedade latentemente machista. E em segundo lugar, vamos combinar que Ashton, mesmo sendo um ator, digamos, solicitado, este ainda não conquistou o título de “Queridinho da América”. Sendo assim, ele não perdeu muito, a não ser a chance de entregar ao público, pra variar, uma boa representação.

Então, se alguém pretende prestigiar algum trabalho de Kutcher, escolha filmes como “Jogo de amor em Las Vegas” ou “A filha do chefe”, que são clichês, mas garantem a diversão e constata a habilidade dele para com o humor; habilidade esta que parecer se restringir a esse gênero.
Sem mais embargos, concluo que o filme agradou a poucos (incluo-me nessa), alvoroçou os mais pudicos e não transmitiu mensagem alguma, portanto, não o recomendo.


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