27 agosto 2009

Filme "EVOCANDO ESPÍRITOS"

O terror “Evocando espíritos” possui uma temática tão desgastada, que para defini-lo usarei uma expressão na mesma situação: “enlatado”.
Isto se dá porque grande parte dos filmes de horror hoje é produzida sob dois conceitos estagnados: modismo e retorno pecuniário. Nada mais que isso...
O longa não só aborrece, como se enquadra perfeitamente no perfil de filmes descartáveis. É possível até relacionar, com facilidade, as diversas reminiscências cinematográficas que auxiliaram na composição das cenas do mesmo.
Títulos como, “O exorcista”, “Os outros” e “O sexto sentido”, são mais que referências aqui.

A estória é típica: uma família que se muda para uma nova casa, na qual habitam espíritos com assuntos inacabados, que precisam do auxílio humano para encontrar a paz...
Embora, para que isso aconteça, a direção explore negativamente a imagem dos tais mortos até a metade da película, para no fim transformá-los, deliberadamente, em pobres assassinos involuntários. Ou seja, pelo fato de as almas terem sofrido na casa antes de morrer, os novos moradores podem ser assombrados como justificativa.
A meu ver, o diretor ao optar por esta fórmula já corroída do gênero, deixa transparecer o âmago de sua intenção, que é apresentar mais um drama póstumo, tendo como subtexto, o atrativo terror - ou vice-versa... nesse caso, nem importa.

E como se não bastasse o roteiro requentado, esta projeção é arguciosamente vendida pela asserção de ser “baseada em fatos reais”. Informação constada nos créditos, tão pretensiosa e manipuladora como a de “Os estranhos” de Bryan Bertino. Um tipo de pretexto que está se tornando comum em Hollywood. Parece ser garantia de evidência na mídia.
A verdade é que a estória se fundamentou em um documentário exibido pelo Discovery Channel em 2002 intitulado de “A Haunting in Connecticut”.

Quanto às explicações apresentadas ao decorrer, não fazem o menor sentido. Não se sabe exatamente o motivo de os espíritos estarem naquela casa, muito menos quem os ressequiu até a morte e porquê. Nem sequer uma abordagem minimamente curiosa pôde ser extraída.
No que concerne ao desenvolvimento da estória, é notável o cuidado da direção de arte e de efeitos visuais no primeiro ato do filme. Porém, momentos próximos ao desfecho, cai consideravelmente à qualidade de tudo.

Agora, analisando o elenco, destaco o protagonista Kyle Gallner, que, apesar de não ser um exímio ator, não é de todo ruim. Sua expressão é um tanto inconstante, mas ainda assim está melhor que a veterana Virginia Madsen (a mãe na trama), travada e apática aqui.
O restante do elenco parece ter sido escalado como “volume” para a estória, não importando muito quem seja escalado para o papel.
por outro lado, apesar de mocinho da estória não ser uma decepção, seu personagem tem uma postura bem improvável, em que o mesmo não demonstra medo algum. Ao invés disso, ele paresenta uma aguçada curiosidade com relação às possíveis manifestações “além/túmulo”.
Ele pode ser equiparado à protagonista de “Alma perdida”, interpretada pela beldade Odette Yustman (“Cloverfield – O monstro”), no quesito "bisbilhotar".

As figuras bizarras que aparecem no início da trama até assustam, no entanto, na conclusão do filme as mesmas tornam-se caricatas e mal feitas – risível os bonecos descarados que são apresentados como corpos (reparem na foto acima).
Os clichês desgastados – isso mesmo, com direito a redundância – são espalhados na tela: sombras sobre os espelhos; luzes se apagando; ruídos desconexos; casa com alvenaria inacabada e de aspecto assustador; porão, sótão, alçapão, e tudo que uma casa mal assombrada tem direito. Além dos sustos previsíveis e a escuridão exageradamente propícia. Até mesmo a presença de um padre pode ser conferida aqui. Isso porque ele contém a maioria das respostas para as indagações da família com relação aos acontecimentos sobrenaturais que pairam na casa. Familiar? Vamos deixar quieto...

Continuando... A biblioteca – como sempre – é aqui a fonte mais eficiente para desvendar o mistério.
Temos também a falsa (e óbvia) sensação de se ter findado a maldição por meio de rituais e tal, o que na verdade só torna os espíritos mais hostis.
Enfim, o filme tem sim algumas particularidades que o torna assustador, até que se venha o final estragando tudo, tornando-o ínfimo, desnecessário e com ar de reprise.
Como disse na resenha anterior, "O filme é tão sem originalidade que eu nem me esforcei em redigir um texto melhor".
Se após esse vislumbre, alguém ainda estiver interessado em vê-lo, eu só posso lamentar.

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