27 agosto 2009

Filme "CONSTANTINE"

Antes de mais nada, meu comentário se restringirá a "Constantine" como filme, até porque não conheço exatamente sua versão original em HQ.

Keanu Reeves já provou que sabe muito bem selecionar as produções em que estrela. Não por serem filmes inteligentes, mas por terem grande apelo comercial e altíssimo orçamento. Está certo que isso não gera boas críticas ao seu desempenho, porém, enchem seu bolso. No fim, ele está no lucro. Sua imagem é bem propagada para os fãs, e sua carreira se mantém firme, a ponto de exigirem sua presença como protagonista, comprometendo até a concretização do projeto se assim não for, como no caso de "Constantine" - O personagem central do título é vivido por ele.
Protagonista também da trilogia arrasa-quarteirões "Matrix", Keanu Reeves está sempre com uma atuação inconstante, inexpressiva e de caráter tênue. Por incrível que pareça, ele ainda não conseguiu entregar uma interpretação primorosa. Em "Constantine" o que o salva são as cenas de ação em que o mesmo tem grande habilidade em realizar.

O filme tem um roteiro ostensivo e ambicioso, porém interessante. Seu foco é o choque que há entre os mundos paralelos conhecidos teologicamente como "céu" e "inferno". O nosso mundo, no caso o "Mundo real", não passa de uma divisa entre os dois mundos equidistantes.
Nascido com um dom que não desejou - a capacidade de reconhecer claramente os anjos e os demônios híbridos que andam pela Terra com aparência humana -, Constantine (Reeves) tirou a própria vida para escapar do tormento de suas visões. Porém, sua tentativa fracassou. Contra sua vontade, ele foi ressuscitado com a incumbência de proteger a fronteira entre o céu e o inferno, para aniquilar todos os demônios que teimam em vagar em nosso meio, mandando-os de volta ao seu " habitat".
Como um suicida em potencial, Constantine tenta expiar seus pecados por meio de sua missão - ele que está longe de ser um héroi convencional, muito menos espiritual. Concluindo então seu trabalho, ele ganha a salvação.

Rachel Weisz ("A múmia"), está maravilhosa interpretando gêmeas sensitivas. Realmente ela rouba a cena, e é de uma presença incrível, além de bela.
Como a policial Angela Dodson, Rachel pede ajuda a Constantine para tentar solucionar o caso da morte de sua irmã, a mesma (também intepretada por Rachel) que morreu sob circunstâncias sobrenaturais, deixando Angela perturbada, embora ainda cética.

Ao iniciarem a busca por respostas, Constantine e Angela, ficam a mercê de eventos estranhos e nada naturais, tornando assim evidente a batalha entre os mundos espirituais.
"Constantine" é de uma temática polêmica, assustadora e obscura. Em meio a tantos personagens heróis sem contexto, Constantine possui carisma, mesmo não tendo o melhor dos caráteres.

A estória não é lá uma obra prima, mas instiga a imaginação, estimulando a curiosidade pelo desconhecido.
O elenco base da trama mostra-se convincente e preparado. Somente Reeves não consegue se equiparar aos colegas. Porém, não está pior que em seus último filmes.
Peter Stormare, numa proposta sátirica, incorpora o diabo (inevitável o trocadilho) habilmente. Até mesmo sua feição natural é assustadora. Ele expressa com perfeição a imagem preconcebidamente suja e pavorosa de satã.
Tilda Swinton está singular como Anjo Gabriel. A ironia de sua androginia foi extraordinária.

As imagens são marcantes. A fotografia escura, com tons frios e fortes, é magistral. Sem contar na minuciosidade da direção de arte, e na edição precisa. O que auxilia muito nos sustos e na tensão das cenas. Os efeitos especiais também não deixam a desejar.
Agora, entre os pontos negativos está o diálogo banal e o roteiro incoeso. No entanto, "Constantine" é isso, um ótimo entretenimento; uma super produção hollywodiana perfeita para ocupar o tempo. Só não espere muito do filme - apesar de sua ousadia e pretensão -, pois assim o proveito é maior.


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