27 agosto 2009

Filme "CONSTANTINE"

Antes de mais nada, meu comentário se restringirá a "Constantine" como filme, até porque não conheço exatamente sua versão original em HQ.

Keanu Reeves já provou que sabe muito bem selecionar as produções em que estrela. Não por serem filmes inteligentes, mas por terem grande apelo comercial e altíssimo orçamento. Está certo que isso não gera boas críticas ao seu desempenho, porém, enchem seu bolso. No fim, ele está no lucro. Sua imagem é bem propagada para os fãs, e sua carreira se mantém firme, a ponto de exigirem sua presença como protagonista, comprometendo até a concretização do projeto se assim não for, como no caso de "Constantine" - O personagem central do título é vivido por ele.
Protagonista também da trilogia arrasa-quarteirões "Matrix", Keanu Reeves está sempre com uma atuação inconstante, inexpressiva e de caráter tênue. Por incrível que pareça, ele ainda não conseguiu entregar uma interpretação primorosa. Em "Constantine" o que o salva são as cenas de ação em que o mesmo tem grande habilidade em realizar.

O filme tem um roteiro ostensivo e ambicioso, porém interessante. Seu foco é o choque que há entre os mundos paralelos conhecidos teologicamente como "céu" e "inferno". O nosso mundo, no caso o "Mundo real", não passa de uma divisa entre os dois mundos equidistantes.
Nascido com um dom que não desejou - a capacidade de reconhecer claramente os anjos e os demônios híbridos que andam pela Terra com aparência humana -, Constantine (Reeves) tirou a própria vida para escapar do tormento de suas visões. Porém, sua tentativa fracassou. Contra sua vontade, ele foi ressuscitado com a incumbência de proteger a fronteira entre o céu e o inferno, para aniquilar todos os demônios que teimam em vagar em nosso meio, mandando-os de volta ao seu " habitat".
Como um suicida em potencial, Constantine tenta expiar seus pecados por meio de sua missão - ele que está longe de ser um héroi convencional, muito menos espiritual. Concluindo então seu trabalho, ele ganha a salvação.

Rachel Weisz ("A múmia"), está maravilhosa interpretando gêmeas sensitivas. Realmente ela rouba a cena, e é de uma presença incrível, além de bela.
Como a policial Angela Dodson, Rachel pede ajuda a Constantine para tentar solucionar o caso da morte de sua irmã, a mesma (também intepretada por Rachel) que morreu sob circunstâncias sobrenaturais, deixando Angela perturbada, embora ainda cética.

Ao iniciarem a busca por respostas, Constantine e Angela, ficam a mercê de eventos estranhos e nada naturais, tornando assim evidente a batalha entre os mundos espirituais.
"Constantine" é de uma temática polêmica, assustadora e obscura. Em meio a tantos personagens heróis sem contexto, Constantine possui carisma, mesmo não tendo o melhor dos caráteres.

A estória não é lá uma obra prima, mas instiga a imaginação, estimulando a curiosidade pelo desconhecido.
O elenco base da trama mostra-se convincente e preparado. Somente Reeves não consegue se equiparar aos colegas. Porém, não está pior que em seus último filmes.
Peter Stormare, numa proposta sátirica, incorpora o diabo (inevitável o trocadilho) habilmente. Até mesmo sua feição natural é assustadora. Ele expressa com perfeição a imagem preconcebidamente suja e pavorosa de satã.
Tilda Swinton está singular como Anjo Gabriel. A ironia de sua androginia foi extraordinária.

As imagens são marcantes. A fotografia escura, com tons frios e fortes, é magistral. Sem contar na minuciosidade da direção de arte, e na edição precisa. O que auxilia muito nos sustos e na tensão das cenas. Os efeitos especiais também não deixam a desejar.
Agora, entre os pontos negativos está o diálogo banal e o roteiro incoeso. No entanto, "Constantine" é isso, um ótimo entretenimento; uma super produção hollywodiana perfeita para ocupar o tempo. Só não espere muito do filme - apesar de sua ousadia e pretensão -, pois assim o proveito é maior.


Filme "WOLF CREEK - VIAGEM AO INFERNO"

Filmes de terror que se agarram a um mesmo tema, explorando-o até a última oportunidade, são vistos constantemente no cinema. Até a proposta é a mesma. Ou é remake do sucesso tal, ou supostamente baseado em fatos reais...
Com "Wolf Creek - Viagem ao Inferno" não é diferente. À princípio a estória é semelhante a de muitos filmes do gênero, o que poderia ter feito o mesmo passar desapercebido, pois, a polêmica gerada em torno de massacres em países específicos já foi levantada em alguns filmes, como em "O albergue" e "Turistas". Entretanto, mesmo sendo produzido às escuras e sem muito marketing, esta projeção conseguiu criar alvoroço entre críticos e público, em que as divergentes opiniões eram inevitáveis.

Eu não posso deixar de fazer tal comentário: "Wolf Creek" é com certeza mais inteligente do que os filmes convencionais do gênero. Com cara de documentário, mas com uma qualidade superior, o filme australiano é assustador. E mesmo possuindo alguns clichês, os mais reles e habituais são evitados aqui, até surpreendendo em algumas tomadas.
Pra mim, a maior façanha do diretor junto ao roteiro, foi prolongar a exposição dos personagens com seus diálogos dispersos no início do filme, fazendo com que o público crie uma certa empatia para com eles. E melhor, sem deixar escapar qualquer hipótese de quem (e como) morrerá.
E mesmo não sendo original, muito menos inovador, conseguiu ser notável, mesmo sob o efeito de um enredo requentado. Isso se deve a forma competente e convincente das interpretações.

A sinopse apresenta Liz Hunter (Cassandra Magrath, ) e Kristy Earl (Kestie Morassi) e Ben Mitchell (Nathan Phillips), três jovens que viajam para a Austrália. Ao chegarem no Parque Nacional Wolf Creek, eles conferem a segunda maior cratera do mundo. Ao entardecer eles decidem retomar a viagem, mas o motor do carro teima em não funcionar. Os três agora apreensivos só se acalmam quando obtêm a ajuda inesperada de um motorista de caminhão que estava ali por perto.

Sem um personagem central, mas com um foco sobre as duas moças, o motorista caipira revela-se um sádico de marca maior, responsável por horas de pânico e tensão, muito bem representados pelos atores. O clima angustiante da estória causa uma certa aversão ao público. O filme mesmo não sendo o mais explícito no quesito "tortura", consegue intimidar.
Por ser filmado em vários cenários desérticos, todo o isolamento dos jovens é retratado com naturalidade, o que perturba ainda mais.
As interpretações supracitadas, sem dúvida, foram responsáveis pelo impacto que o filme causou. Foram as mais verossímeis possíveis, o que pra mim foi um feito, já que a canastrice impera em filmes de terror adolescente.

Concluindo,"Wolf Creek" foi um dos poucos filmes que me incomodou como espectador. A sensação de ver o desamparo dos personagens cruelmente tormentados fisica e psicologicamente por alguém improvável, foi a mais desagradável - num bom sentido para a espécie do filme. Com isso, o filme atinge seu objetivo, pois não é qualquer pessoa que conseguirá ficar indiferente diante desse longa.
Eu esperava mais um passatempo dispensável ao julgar pelo tema, mas me deparei com algo bem produzido. As paisagens obscuras, a manipulação e belos ângulos capturados pela câmera; a ótima fotografia; cenas cruas quase sem corte... Tudo isso trouxe um realismo como nunca vi num terror.


Filme "PAGANDO BEM, QUE MAL TEM?"

O prólogo de meu comentário destaca a tradução tenebrosa do título: "Zack e Miri Fazem Um Pornô" que foi adaptado para "Pagando bem, que mal tem?".
Com certeza o atrativo do filme não será pelo nome aqui no Brasil - ao contrário do país ianque.

O diretor e roteirista desta película, Kevin Smith, nerd assumidíssimo, entregou seu filme mais escancarado. Em contrapartida, o filme é concluído, curiosamente, de forma comportada.
Bom, na verdade é uma mescla. Inicia-se com todas as fórmulas apelativas em relação ao sexo, para desencandear simplesmente em uma estória de amor.
Na trama temos como protagonista, ninguém mais, ninguém menos que, Seth Rogen, já acostumado a interpretar o típico cara sacana, largadão, graças ao seu timing cômico incomum. Ele que vem ganhando espaço com sua postura irreverente e singular no mundo da comédia, é acompanhado pela bela atriz em ascenção Elizabeth Banks, que está simplesmente adorável.

Os personagens são super criativos e interessantes. Elizabeth incorpora uma mulher quase utópica, sendo romântica no teor certo, mas com um ar politicamente incorreto, muito além do comum. Ambos perfeitos nos papéis.
"Pagando bem, que mal tem?" causou muita polêmica para censura puritana dos EUA, desde um de seus cartazes que trazia a alusão dos atores (Rogen e Banks) praticando sexo oral um no outro, até as excessivas cenas de sexo explícito - apesar de simulativo - e os diálogos picantes, recheado de piadinhas sujas.
Realmente, muita cena de nudez foi mostrada. Até direito a ver o pênis do ator Jason Mewes que participa desta produção, o público teve. O que foi bizarro! Se fosse a Elizabeth nua frontalmente eu respeitaria...hehe (foi necessário a piada).

No filme, Zack Brown (Seth Rogen) e Miriam Linky (Elizabeth Banks) estão com sérios problemas financeiros. Eles que compartilham uma amizade sólida e confidente desde à adolescência, moram juntos. Porém, estão vivendo numa pindaíba sem igual.
Com meses sem pagar contas por causa de sua total falta de dinheiro, eles são jogados de volta a realidade em uma reunião dos antigos colegas de ensino fundamental, famoso High School. O que rende em algumas das cenas mais hilárias, com direito a uma briga de teor homossexual e um selinho por parte de Brandon Routh (o novo "super-homem") e Justin Long (figurinha carimbada do gênero) que fazem uma ponta no longa.

Ao chegarem em casa, Zack e Miriam se deparam com a casa sem energia elétrica, sem água, sem aquecedor, e etc... Diante disto, Zack tem a idéia deles fazerem um filme pornô estrelado por eles mesmo! Como são solteiros, sem familiares vivos, vivendo um pelo outro, a idéia vinga! Aí dá-se início as situações mais hilárias e sem-noção.
A cena em que Banks e Rogen vão desempenhar a cena de sexo deles, é a mais engraçada. Mesmo um tanto caricata, ela condiz com uma das propostas do filme que, é provocar riso a qualquer custo.
O elenco, merecedor de destaque, é simplesmente magistral! Com o hilariante Craig Robinson, as atrizes pornôs Traci Lords e Katie Morgan, e os supracitados Justin long, Brandon Routh e Jason mewes, o circo está armado (nessa frase quase há um duplo sentido, diante da essência do filme).

Diante de tantas cenas tórridas, com um certo exagero escatológico, o desenvolvimento do filme, ainda assim, apresenta uma estória romantizada.
Quando o filme acaba, o espectador fica com a sensação de ter visto uma simples comédia romântica. Todo aquele sexo parece uma desculpa proposital para apresentar um romance sob uma amosfera inusitada, mas que não foge ao lugar-comum.
O desenvolvimento clichê - amigos que desconheciam o real sentimento entre si - e a estória de amor soa, descaradamente, como uma aliviada para o clima erótico do filme. É como se o diretor quizesse desculpar-se por tudo que foi mostrado no início. O grande erro do filme. Não por conter uma subtrama de amor, mas por cair no piegas.

Embora dando umas derrapadas, o diretor Kevin Smith acertou em injetar argumentos tão seguros e absurdos - pornô enriquece e atraia qualquer um -; o que torna o filme interessante.
De qualquer maneira, o filme é bom. Diverte, com certeza! Não tanto quanto eu esperava, mas diverte...
Recheado de alfinetadas psicológicas, humor ácido, e tiradas explícitas e sutis, é um filme pra poucos. Graças a sua ousadia e irreverência. Contudo, esses "poucos" irão se deliciar com tantos elementos escrachados e ordinários.
Diante desse conjunto de idéias, recomendo o filme.


Filme "P2 - SEM SAÍDA"

Este filme marca a estréia do cineasta Franck Khalfoun como diretor, co-roteirizando também esta obra juntamente com Alexandre Aja - figura também recente no meio cinematográfico.

o roteiro apresenta um segurança em um certo prédio, obsecado por uma executiva que, encaminha-se para uma promoção. Na véspera de natal, ela fica até mais tarde fidando um serviço. Ao chegar ao subsolo para ir encontrar-se com a família, ela se depara com a fixação desse segurança para com ela. Sobre essa base, inicia-se uma típica perseguição "maníaco/mocinha".
O lado voyer do segurança trouxe a ele informações sobre a jovem executiva Angela Bridges, personagem feita por Rachel Nichols ("Horror em Amityville"). Com isso, ela tenta escapar dele em um local devidamente trancado, sem qualquer ajuda próxima, dando corpo a um jogo de esconde-esconde movimentado. E adianto desde já que,"P2 - Sem saída" é exatamente o extremo de altos e baixos.

O enredo basicamente focaliza as artimanhas de Angela ao tentar escapar das investidas do segurança desequilibrado.
Ele inicialmente, sem mostrar intenção de torturar ou dar cabo da moça, esforça-se para convencê-la a ficar com ele, já que ele conhece seu histórico, sabendo que ela está envolvida intensamente com o trabalho e vivendo uma vida solitária. Porém, o evidente distúrbio do segurança vai ganhando força quanto à resistência de Angela.
Ele, possessivo e ciumento, mostra coragem suficiente para matar quem se "engraçar" pro lado da moça. E aí inicia-se o clichê: fugir o filme inteiro de alguém que é uma ameaça.

O clima do filme tem uma certa tensão. Não chega a ser pertubador, mas seu rítmo é acelerado, com interessantes cenas de ação e sustos (meio óbvias, mais válidas), conseguindo atrair a atenção.
O filme só não é melhor porque a estória não tem mais nada a oferecer. É exatamente uma perseguição incansável, e só!

Rachel Nichols mostrou que tem talento de sobra para transmitir desespero e retese. Não é um papel que exija exatamente um empenho da atriz, mas é suficiente para ver o potencial dela.
Já Wes Bentley ("Motoqueiro fantasma") só tem um ponto a seu favor: ele aparenta realmente ser um maníaco, graças a sua expressão. Porém, ele não mostra desenvoltura. O clima de pavor que o filme poderia atingir, não é alcançado devido a escalação infeliz de Wes para o papel.
Ele até se esforça para aparentar certo desarranjo mental, mas não convence, mesmo com sua feição propícia.
Os altos e baixos do filme serão exatamente descritos abaixo.
Altos: a trama é acelerada e com cenas de violência na dose certa. O que garante diversão.
Baixos: o maníaco que não dá densidade ao papel, enfraquecendo a atmosfera do filme, transtornando-a totalmente. Além do roteiro simples e limitado.

O filme porém tem seus momentos fortes, como a cena em que um coitado, por demonstrar interesse em Angela, é amarrado no piso do edifício e é esmagado por um carro contra a parede. É chocante e gráfico na medida certa.
O debute de Khalfoun é um sinal de que como estreante ele sabe entreter o público, e tem chances de aprimorar a técnica em comparação a essa película.


Filme "NOIVAS EM GUERRA"

É notório que o cinema está em crise no que diz respeito à criatividade, pois não se vê nada mais que inúmeros remakes de sucessos passados, ou então adaptações de obras literárias. Filmes esses que simplesmente seguem à risca a mesma fórmula do gênero que lhe cabem... e no fim, é sempre entregue ao espectador estórias que não fogem ao convencional.
Como um perfeito exemplo, temos “Noivas em guerra”, esta comédia romântica encabeçada por mulheres – e voltada estritamente para as mesmas –, abordando o tema “casamento” sob a ótica capitalista de seus preparativos.
Adianto desde já que, esta produção aborrecida e recheada de asneiras, não acrescenta em nada aos amantes da sétima arte. Conseguindo apenas a proeza de ser minimalista em conceitos supérfluos.

As protagonistas são ninguém mais ninguém menos que Kate Hudson (que, no início de sua carreira, chegou ser considerada a “nova namoradinha da América”, em lugar de Meg Ryan) e Anne Hattaway (a mais nova queridinha de Hollywood).
A história é sobre duas amigas de infância, Liv (Hudson) e Emma (Hathaway), e como desde pequenas sonham com o casamento perfeito. Então, as duas recebem o pedido de casamento quase que simultaneamente. O problema surge quando, equivocadamente, o casamento delas é escalado para a mesma data no local do casamento dos sonhos das duas, sem qualquer chance de alteração por ser o local requisitadíssimo, do tipo que demora anos para conseguir um espaço na agenda.
Por este motivo, as duas não medem esforços para se sabotarem na tentativa de evitar que se casem no mesmo dia, dando inicio então a um embate dicotômico de rivalidade x amizade.

Como se pode ver, o motivo da briga por si só é banal, a meu ver desenvolvendo-se somente pelo fato de não ser sólido o suficiente o sentimento de amizade de uma para com a outra.
Além disso, os recursos usados pelas duas para se prejudicarem são simplórios e forçados. Vai desde entrar em um salão de beleza sem ser vista, e misturar a tintura de cabelo da outra, até entrar em uma clínica de bronzeamento artificial a jato trocando o tubo de coloração...
Outro exemplo improvável é a forma com que a personagem Emma (Hudson) induz o seu noivo a pedi-la em casamento. Totalmente ridícula!

Quanto ao desempenho das estrelas do longa, Anne consegue se manter confortável no papel, roubando as cenas, sendo a mais engraçada e com a melhor representação – destaque para a cena da aula de dança.
Kate Hudson, por sua vez, mais bonita aqui do que o normal, sai perdendo por seu comportamento esgareiro e sua atuação artificial. O que é triste, pois ela vem se mostrado ruim há algum tempo.
Já os atores que interpretam os noivos são chatos, manipulados e com interpretações dignas de seus papéis secundários.

Agora, ao apontar os fúteis argumentos da narrativa, eu destaco a discussão esquemática e sem nexo entre as mocinhas; assim como a crise existencial que ocorre com a personagem Emma e seu noivo... Resumindo, todos os questionamentos levantados pelas noivas – que não poderiam ser mais vazios.
E como é de praxe em filmes assim, a estória pende para o drama na metade do filme, e quando o desfecho se aproxima o pastelão se descamba na tela, com direito a “barraco’ e tudo!
No entanto, como se não pudesse piorar ainda mais, acontece uma reviravolta descabida em torno de um dos casamentos, sem um mísero desenvolvimento, e ainda por cima, de forma previsível.

No fim, a óbvia reconciliação das duas acontece, o problema é que vem muito fácil (o filme é tão clichê que não importa revelar esse detalhe).
Durante toda a película elas se mantem rivais e empenhadas em sabotar a cerimônia uma da outra; não soa nada convincente as duas voltarem, num piscar de olhos, a serem melhores amigas.
Portanto, por subestimar em todos os sentidos o intelecto do espectador, eu não recomendo este desgastado subgênero cômico intitulado de “Noivas em guerra”.


Filme "MORTE SÚBITA"

O suspense "Morte Súbita" ("Rogue") chegou atrasado no Brasil, com uma divulgação quase anônima, apresentando um enredo corriqueiro: pessoas fugindo de um animal de tamanho exorbitante.
Aqui o vilão do filme é um crocodilo. Pelo menos não é um animal utópico, mas também não é nada atrativo.
Em um elenco composto de nomes inexpressivos, salvam-se os rostos mais conhecidos: Radha Mitchel ("Terror em Silent Hill") e Michael Vartan ("A sogra"), respectivamente os protagonistas. Os únicos que realmente atuaram no longa. O restante, coadjuvantes, foi risível. Expressões faciais do tipo "ops... ele foi devorado" era o que se via.

O início do filme é bem simples. Mostra Pete McKell (Vartan), um escritor enviado às águas do Kakadu National Park para escrever uma matéria sobre o local. Ele então se junta a um grupo de turistas em férias que saem numa espécie de balsa para contemplar o habitat dos crocodilos, sob os cuidados de Kate Ryan (Radha), a guia turística do local.
A estória não apresenta nada demais, apenas uma exposição rápida dos personagens até que a criatura ataque. O desenvolvimento é simplesmente isso.

Já a direção de Greg McLean merece elogios quanto a captação de imagens. A fotografia do filme foi o que teve de melhor. Assim como ele explorou no suspense "Wolf Crek (...)" as imagens do deserto para transmitir a sensação de isolamento das vítimas, aqui ele abusou de imagens aéreas para que o espectador sentísse a grandeza do ambiente paradisíaco em que estavam.
O roteiro também ficou por conta de McLean, por isso percebe-se a parca criatividade no desenrolar da estória que dá enfoque unicamente às cenas de risco. Exatamente o que ele fez no supracitado "Wolf Creek - Viagem ao inferno" que, mesmo assim, é superior a este longa aqui.

As investidas de fulga são totalmente clichês, buscando sempre a alternativa mais arriscada e descabida que obviamente irá culminar em morte.
O problema maior é que a falta de carisma do elenco é tanta que é impossível se importar com o desfecho deles. Fiquei mais apreensivo pelo cachorro da personagem Kate Ryan (Radha Mitchell) do que por qualquer outro.
Agora eu não sei se foi impressão minha, mas achei o filme rápido. Quando dei por mim, já havia terminado.
Não sei se isso foi vantagem, só sei que tive essa sensação.

O animal, como já é de praxe nesse gênero, tinha um tamanho descomunal, como já citado anteriormente. Porém, entre tantos animais exagerados que nos deparamos ao longo dos tempos em Hollywood, esse tinha um comportamento verossímil. Nada de habilidades forçadas e surreais.
O meu incômodo maior em torno dele foi o gráfico. Totalmente sintética sua aparência.
Na verdade, alguns efeitos especiais ficaram com um aspecto inacabado, porém, a maquiagem dos ferimentos ficou convincente, com exceção à mão machucada do personagem Pete McKell no último ato do filme, descaradamente descuidada.

Sem mais, "Morte Súbita" não tem muito o que se avaliar; não passa de um suspense trivial, acompanhado de uma ação comedida.
Acho até que pode ser identificado como uma opção de diversão comum, sem correr o risco de perda de tempo, já que para mim o tempo de duração foi sucinto.


Filme "ALMA PERDIDA"

A primeira impressão que tive ao ver o cartaz deste filme foi que seria mais um filme de terror requentado, regado de sustos gratuitos. Só que eu não imaginava que seria numa escala tão superlativa!
A sinopse é a seguinte: a jovem Casey Beldon está tendo sonhos envolvendo um menino de olhos azuis. Eles se tornam recorrentes após seu vizinho de 4 anos, do qual ela cuida eventualmente, começar a fazer declarações sem nexo e a agir estranhamente. A partir daí a moça passa a acreditar que esteja sendo atormentada por um espírito.
A atriz Odette Yustman, que teve seu debute em "Cloverfield - monstro", interpreta aqui a jovem Casey.
Acredito que por ser ela dona de um rosto perfeito e uma silhueta desejável, o fator mais requisitado para sua escalação foi exatamente a beleza - acima até mesmo do talento - , já que a mesma iria ter seus atributos físicos ostentados no video.
Ela também possui uma certa expressão, porém, não o suficiente para segurar o filme, nem sequer para criar empatia no espectador.
Quanto ao restante do elenco, digo o mesmo: tem expressão, mas não o suficiente para salvar a película.

O roteiro, como já supracitado, é uma sucessão de clichês ininterruptos. Sua concepção não difere em nada dos filmes de terror já lançados. O que poderia ser apresentado como reminiscência, não passa de uma cópia barata. O pior é que não só de um filme, mas sim, de uma lista!
Com certeza o público irá identificar referências de "O chamado", "O grito", "O olho do mal", "O exorcista"... e a relação só se estende. Chega a ser constrangedor!
Eu mesmo, ao assistir o filme, citava em meio às cenas os outros possíveis filmes que, supostamente, inspiraram a idealização das mesmas.

A direção também erra, entregando um desenvolvimento aborrecido e confuso, culminando em cenas corridas em que quase chegam a ser aleatórias. A mocinha, por exemplo, ao mesmo tempo em que está uma cena na faculdade, aparece em outra tomando banho, sem qualquer ligação entre si.
Sem falar nos vários flashbacks misturando-se ao tempo real, tornando tudo muito superficial e chato.
O único destaque do filme são os efeitos especiais e a coloração azulada das cenas, porém, em alguns casos, o gráfico dá origem à figuras bizarras que não contribuem em nada para com a estória. São só sustos forçados. Isso porque os enredos em si são uma verdadeira salada.
A cena no banheiro da boate mesmo, com Casey rodeada de bichos nojentos, com direito a aparição de fantasma e tudo, é totalmente descabida.

A postura de Casey também não convence muito. Ela possui uma curiosidade exacerbada, totalmente proposital para desencadear as situações mais assustadoras.
Até mesmo ir sozinha de madrugada à um hospital para encontrar uma velha suspeita e esquiva, não soa como anormal para ela.
Já a cena final que, contém a parte mais movimentada do filme, soa até interessante, ainda mais pela sessão de exorcismo, mas quando o tal espírito que persegue a estrela do filme, passa a incorporar pessoas próximas a ela para atacá-la - inspiração que acredito ter vindo do longa "O jogo dos espíritos" -, faz desandar o único momento do filme em que poderia se ter proveito.

Concluindo, o diretor e roteirista da película, David S. Goyer, talvez por preguiça ou por conveniência, não sei (...), criou a maior colcha de retalhos cinematográfica já produzida.
O filme é tão sem originalidade que eu nem me esforcei em redigir um texto melhor. Por isso, eu não recomendo este longa. Se quiserem ver um filme de terror atípico, corra de "Alma perdida"!


Filme "EVOCANDO ESPÍRITOS"

O terror “Evocando espíritos” possui uma temática tão desgastada, que para defini-lo usarei uma expressão na mesma situação: “enlatado”.
Isto se dá porque grande parte dos filmes de horror hoje é produzida sob dois conceitos estagnados: modismo e retorno pecuniário. Nada mais que isso...
O longa não só aborrece, como se enquadra perfeitamente no perfil de filmes descartáveis. É possível até relacionar, com facilidade, as diversas reminiscências cinematográficas que auxiliaram na composição das cenas do mesmo.
Títulos como, “O exorcista”, “Os outros” e “O sexto sentido”, são mais que referências aqui.

A estória é típica: uma família que se muda para uma nova casa, na qual habitam espíritos com assuntos inacabados, que precisam do auxílio humano para encontrar a paz...
Embora, para que isso aconteça, a direção explore negativamente a imagem dos tais mortos até a metade da película, para no fim transformá-los, deliberadamente, em pobres assassinos involuntários. Ou seja, pelo fato de as almas terem sofrido na casa antes de morrer, os novos moradores podem ser assombrados como justificativa.
A meu ver, o diretor ao optar por esta fórmula já corroída do gênero, deixa transparecer o âmago de sua intenção, que é apresentar mais um drama póstumo, tendo como subtexto, o atrativo terror - ou vice-versa... nesse caso, nem importa.

E como se não bastasse o roteiro requentado, esta projeção é arguciosamente vendida pela asserção de ser “baseada em fatos reais”. Informação constada nos créditos, tão pretensiosa e manipuladora como a de “Os estranhos” de Bryan Bertino. Um tipo de pretexto que está se tornando comum em Hollywood. Parece ser garantia de evidência na mídia.
A verdade é que a estória se fundamentou em um documentário exibido pelo Discovery Channel em 2002 intitulado de “A Haunting in Connecticut”.

Quanto às explicações apresentadas ao decorrer, não fazem o menor sentido. Não se sabe exatamente o motivo de os espíritos estarem naquela casa, muito menos quem os ressequiu até a morte e porquê. Nem sequer uma abordagem minimamente curiosa pôde ser extraída.
No que concerne ao desenvolvimento da estória, é notável o cuidado da direção de arte e de efeitos visuais no primeiro ato do filme. Porém, momentos próximos ao desfecho, cai consideravelmente à qualidade de tudo.

Agora, analisando o elenco, destaco o protagonista Kyle Gallner, que, apesar de não ser um exímio ator, não é de todo ruim. Sua expressão é um tanto inconstante, mas ainda assim está melhor que a veterana Virginia Madsen (a mãe na trama), travada e apática aqui.
O restante do elenco parece ter sido escalado como “volume” para a estória, não importando muito quem seja escalado para o papel.
por outro lado, apesar de mocinho da estória não ser uma decepção, seu personagem tem uma postura bem improvável, em que o mesmo não demonstra medo algum. Ao invés disso, ele paresenta uma aguçada curiosidade com relação às possíveis manifestações “além/túmulo”.
Ele pode ser equiparado à protagonista de “Alma perdida”, interpretada pela beldade Odette Yustman (“Cloverfield – O monstro”), no quesito "bisbilhotar".

As figuras bizarras que aparecem no início da trama até assustam, no entanto, na conclusão do filme as mesmas tornam-se caricatas e mal feitas – risível os bonecos descarados que são apresentados como corpos (reparem na foto acima).
Os clichês desgastados – isso mesmo, com direito a redundância – são espalhados na tela: sombras sobre os espelhos; luzes se apagando; ruídos desconexos; casa com alvenaria inacabada e de aspecto assustador; porão, sótão, alçapão, e tudo que uma casa mal assombrada tem direito. Além dos sustos previsíveis e a escuridão exageradamente propícia. Até mesmo a presença de um padre pode ser conferida aqui. Isso porque ele contém a maioria das respostas para as indagações da família com relação aos acontecimentos sobrenaturais que pairam na casa. Familiar? Vamos deixar quieto...

Continuando... A biblioteca – como sempre – é aqui a fonte mais eficiente para desvendar o mistério.
Temos também a falsa (e óbvia) sensação de se ter findado a maldição por meio de rituais e tal, o que na verdade só torna os espíritos mais hostis.
Enfim, o filme tem sim algumas particularidades que o torna assustador, até que se venha o final estragando tudo, tornando-o ínfimo, desnecessário e com ar de reprise.
Como disse na resenha anterior, "O filme é tão sem originalidade que eu nem me esforcei em redigir um texto melhor".
Se após esse vislumbre, alguém ainda estiver interessado em vê-lo, eu só posso lamentar.