08 outubro 2010

VALEU PELO CARINHO!!!


Este é só um espaço para agradecer a todos os que comentaram minhas críticas, e os que estão me seguindo.
Eu estou de volta, já escrevendo. É só aguardar as postagens.

Abraços!!

06 março 2010

FIlme "O AMOR ACONTECE"

Dentre tantos filmes românticos produzidos em 2009, “O amor acontece” é um dos poucos em que o substantivo “amor” inserido no título não foi uma escolha oportunista do gênero, pois esta é, literalmente, a tradução de “Love happens”.
Porém, por incrível que pareça, justamente quando ocorre de o título original explicitamente sugerir o romance, como neste caso, na prática o mesmo não é eficiente, embora ainda sirva de alento para àquelas - gênero feminino, por normalmente ser este o público-alvo - que se julgam apaixonadas ou desiludidas.

Pois bem, logo na primeira frase do filme nos é entregue um conceito ultra-batido: “quando a vida te dá limões, você pode ficar chateado ou fazer uma limonada...”. A partir daí é possível deduzir o quão previsível e convencional é o filme.
Nele, Jennifer Aniston é Eloise, uma florista independente, recém-solteira, dona de seu próprio e suficiente negócio, no qual com sua vã no estilo “Scooby-Doo”, faz entregas em locais variados. Em meio as tais entregas, por acaso ela conhece o escritor Burke, interpretado por Aaron Eckhart (“Sem reservas”), um homem que perdeu a esposa em um acidente de carro e, para amenizar a sua dor, decidiu escrever um livro sobre o assunto. Ao contrário do que planejava, seu livro se torna um best-seller, motivo pelo qual ela passa a dar palestras motivacionais.

O ator Aaron Eckhart até está bem em sua atuação, transmitindo com precisão o leve transtorno e a autocensura do personagem. O único – e significativo – problema é que, sua composição é moldada sob um dos estereótipos mais antiquados: o cara benevolente e pouco experiente no quesito "paquera".
Em razão disso, quase tudo o que se possa imaginar de clichê e lugar-comum está presente em “O amor acontece”, contando ainda com a participação irritante dos melhores amigos excêntricos e semi-engraçados dos personagens centrais que, não somam nada a estória.

De certa forma, eu já imaginava que o roteiro seria levado por uma linha desgastada e óbvia, na qual os momentos típicos do gênero apareceriam sequencialmente, só não sabia que seria numa escala tão proeminente.
Temos aqui o frustrante encontro inicial do casal, com o personagem masculino voltando atrás em sua performance inicialmente desajeitada, para tentar reverter à má situação causada por sua distração; temos também a hora desconfortável em que a genitora de um deles os coloca em uma saia-justa; entre outros fatos e argumentos exaustivamente habituais que não faz em diferença se citados ou não.

Entretanto, o que mais me aborreceu em “O amor acontece”, foi o grupo de pessoas que interagia com Burke (Aaron) na intenção de aprender a lidar com a perda de entes queridos. Tinha um que resistia aos argumentos do escritor, porém, a maioria era manipulável e excessivamente receptiva às suas idéias, aparentando uma forçada e ingênua passividade se comparado à realidade. Ainda pior foi aturar as insuportáveis palestras de superação prelecionadas por ele, sem qualquer habilidade para realizá-las.
Jennifer Aniston, por sua vez, estrelou filmes razoavelmente bons ao longo de sua carreira como, “Fora de rumo”, “Separados pelo casamento”, “Marley & eu”, entre outros, no entanto, ao optar por estrelar este filme com cara de repeteco, inconscientemente, ela marca um retrocesso em sua filmografia.

Voltando agora ao sentimento “amor” sugerido pelo título, no contexto ele é totalmente nominal e indeferido, uma vez que Jennifer e Aaron não tem química, e nem sequer um beijo é dado entre eles durante o decorrer da projeção. Sendo assim, tudo parece não passar de um flerte inexperiente que, consequentemente, não incita qualquer torcida ou expectativa em prol dos dois.
E como se não bastassem tantos deslizes, os diálogos são pobres, o decorrer da estória é morno e quase sem empecilhos, e a trilha sonora tão adocicada como se tivesse se inspirado nos melosos clássicos da Disney.
Um dos poucos momentos prazerosos desta película envolveu uma calopsita; cenas estas que valem a pena serem conferidas, graças ao carisma do bichinho que, realmente é um artista, ao contrário de outros componentes do elenco.

Enfim, nesta suposta estória de amor, a direção deliberadamente despeja gratuitas sessões de auto-ajuda, tornando tudo muito melodramático e piegas. Inclusive, pesando a mão em algumas questões que poderiam ser revistas, como a cena do caminhar sobre brasas (????).
Após tal análise, só resta dizer que, ironicamente acontece de tudo um pouco neste filme, menos o tal amor...


26 fevereiro 2010

Filme "GUERRA AO TERROR"

Eu já havia assistido, em meados do ano passado, o filme em questão “Guerra ao terror”, logo que lançado diretamente em DVD, e por incrível que pareça, quando o vi não achei grande coisa, nem sequer fiz questão de pesquisar sobre o tal para possivelmente comentá-lo.
Mas ao que parece, sua repercussão inicialmente chocha em nosso país ficou restrita ao nosso território, porque o filme é simplesmente sucesso absoluto, e um dos mais cotados para o Oscar deste ano como melhor filme, apontado até como grande ameaça ao favoritíssimo “Avatar” de James Cameron.
Bom, diante deste fato eu tenho que perguntar: como isso aconteceu? Eu simplesmente fiquei pasmo, boquiaberto, sem qualquer reação diante dessa notícia. Não fazia ideia de que eu havia visto antecipadamente o filme sensação da vez de forma tão despercebida.
Como não poderia ser diferente, eu fiz questão de o rever com toda a meticulosidade necessária, e compreendi então, sem qualquer oportunismo, o porquê de todo esse “boom” em torno dele.

Indispensável é afirmar em um momento tão propício que há inúmeros filmes proveitosos do gênero bélico como, o oscarizado “Platoon” de Oliver Stone e o clássico “Apocalipse Now” de Coppola, pra mim os mais consideráveis. No entanto, não preservo qualquer simpatia pelo universo cinematográfico das forças armadas, obviamente por isso eu não me envolvi a princípio com “Guerra ao terror” – eu até cochilei em boa parte dele.
O meu argumento para sustentar meu desinteresse nesse caso, vai desde a mesmice do próprio tema a antipática abordagem patriótica. Só que em “Guerra ao terror” algumas de suas particularidades mudam o aspecto negativo que tenho com relação a filmes de guerra, e tudo isso se deve ao diferencial que o mesmo apresenta, começando por seu baixo orçamento. Normalmente em produções assim o custo é dispendioso e o protagonista costuma ser do tipo “figurinha fácil”, mas este, com apenas U$ 11 milhões (mixaria se comparado aos seus antecessores) ,e com um elenco pouco expressivo, exceto pelo ator David Morse, conseguiu com muita competência ser a surpresa - exceção da vez.

Tudo começa de forma dispersa e pouco envolvente, e sua narrativa altamente lenta, como já dito, chega a provocar sono nas primeiras tomadas. No obstante, a trama notavelmente extensa com seus 131 minutos, gradualmente vai ganhando outro rumo a partir de sua metade, desde então a emoção e a adrenalina não deixam mais o espectador. O curioso é que o foco não se dá pelas explosões, confrontos ou tiroteios em si, mas sim, pela tensão em torno dos soldados.

A guerra (claro...) se passa no Iraque e atenta-se em específico ao personagem sargento William James (Jeremy Renner), integrante de uma unidade do Exército americano em Bagdá especializada em desarmar bombas. Juntamente com ele temos outros dois militares, o sargento J.P. Sanborn (Anthony Mackie), e o soldado Owen Eldridge (Brian Geraghty). E sob a visão destes três personagens é que vemos o verdadeiro teor de um combate: seu lado viciante e insano. O que envolve consequentemente outros fatores também como: a pressão psicológica; a inquestionável submissão em grupo a ordens reacionárias; a aliciante imagem de heroísmo; e, não menos importante, a desprendida dedicação pessoal a missão... tudo transmitido com um realismo impressionante.
As cenas de tocaia são as mais angustiantes e convincentes a meu ver. Sem contar com os momentos apreensivos que os militares passam ao se depararem com situações de desarme de bomba. Tudo graças à elogiável linha traçada pelo roteiro de Mark Boal, que verificou a fundo o cotidiano de um exército durante semanas por volta de 2004.

As atuações são precisas e críveis, sem ter onde pôr defeito, principalmente em relação à intensa interpretação de Jeremy Renner como o sargento Willian James, bastante aproveitada graças aos belos e inquietos ângulos captados de suas cenas.
Agora, o que me deixou desconcertado foi ver a ótima direção de Kathryn Bigelow – ela, ex-mulher de James Cameron, seu maior concorrente na corrida rumo à estatueta – junto a “Guerra ao terror”. Quem diria que um trabalho tão comentado e positivamente criticado seria fruto de um trabalho feminino? Não que eu julgue mulheres incapazes, por favor, mas alguém há de convir que seja extremamente raro encontrarmos uma cineasta que não opte por estórias mais delicadas e sob uma ótica um tanto cor de rosa. Portanto, devido à ousadia de Kathryn, rompendo barreiras, inclusive com pouco recurso, esta obra se torna ainda mais admirável.

Quanto ao final do filme, este é sem dúvida o momento mais emblemático, concluindo com louvor o que foi expresso no início do filme por meio de uma frase: “a guerra é uma droga”. Se fazendo entender que assim o é não só pela dissimulada estupidez de sua causa, mas também pelo seu efeito viciante. Afinal, se de alguma forma, por mais doentio que pareça, a guerra não fosse prazerosa ou gratificante, tais batalhas já teriam sido extintas em nossa sociedade que se diz evoluída e civilizada.
Enfim, diante de tantas qualificações, apesar de seu início paulatino, “Guerra ao terror” merece sua atual ascensão. E como eu faço parte do movimento que não se fascinou com o bazófio “Avatar”, embora não o desmereça por isso, minha torcida, além de minha recomendação, lógico, é incontestavelmente direcionada a projeção sob os cuidados Kathryn Bigelow, que conseguiu me render inteiramente a uma obra sobre guerra.


24 fevereiro 2010

Filme "À PROVA DE FOGO"

Que a atual safra cinematográfica tem se concentrado em estórias tragicamente violentas não é novidade. Assassinatos, sequestros, suicídio, desaparecimento, rompimentos amorosos, entre outras infelicidades, são alguns dos assuntos já tratados. Porém, ainda que tais temas elevem o impacto diante do público, simultaneamente, eles não caem no gosto do mesmo. O que é compreensível, pois ao nos depararmos com um dia-a-dia desesperador, espera-se no mínimo uma abordagem mais suave de nossos problemas civis no cinema, nem que seja casualmente.

E por falar nisso, Alex kendrick, o inexperiente diretor e roteirista cristão, que tem como seu maior trabalho o irregular “Desafiando gigantes”, reaparece com mais uma estória sobre vitória pessoal agora intitulada como “À prova de fogo”.
Neste, a estória gira em torno de Caleb, um bem sucedido capitão dos bombeiros, que está passando por sérios problemas conjugais, devido as diferenças que impera entre ele e a esposa.
Ele é um homem ambicioso e impaciente que visa sua carreira e seus bens acima de tudo, alternando seu tempo entre trabalho e pornografia na internet. Sua mulher, por outro lado, carente e decididamente distante - reflexo do tratamento que recebe do marido -, parece se interessar por outro homem em seu trabalho.
Apesar de não ser um filme intenso, Kendrick consegue desta vez, e com muita coerência, se aproximar da rotina de um casal normal. Ainda mais quando este enfoca as discussões entre os cônjuges e os motivos pelos quais elas surgem. Até me lembrei de “Separados pelo casamento” nesse sentido.

Umas das características mais marcantes de Kendrick como diretor é sua sede por retratar estórias de superação. Sem muita experiência e sem muita verba para dar vida a projeções no mínimo respeitáveis, ele sempre mantém a mesma linha, buscando finalizar suas tramas de forma positiva e exemplar.
Nesta película não é diferente. O casal tem um árduo caminho para reatar os fragmentos de seu casamento que, apesar de não estar oficialmente desfeito, na prática já não existe qualquer indício de intimidade e cumplicidade.
E esse dificultoso caminho rumo à resutaração matrimonial tem início quando o pai de Caleb, percebendo então o iminente divórcio do filho, propõe-lhe um método denominado como “desafio do amor”, que consiste em colocar em prática um simples programa de 40 dias no qual a pessoa realiza pequenas atividades diárias com o objetivo de reconquistar o parceiro.
Caleb, então, ainda relutante, parte nessa jornada. E mesmo sob uma narrativa extremamente corriqueira, tudo é contado de forma bem eficiente e objetiva. Diversas das dificuldades enfrentadas por Caleb ao tentar se adaptar ao plano oferecido pelo pai são totalmente críveis e visivelmente torturantes, pois envolvem submissão, mudança de temperamento, abdicação de diversos defeitos causados pelo ego, a lascívia e a vaidade, visto que o maior empecilho é o próprio “eu”.
Até o slogan estampado na capa do DVD, transmite apropriadamente esse ideal: “Nunca deixe seu parceiro para trás”. Um dual significado em relação a Caleb por se aplicar tanto para bombeiros quanto para casais.

No entanto, a possível qualificação do filme se resume estritamente em sua proposta, pois este tem múltiplos problemas, desde sua estrutura à parte técnica. Tendo ainda a "contribuição" do superficial desempenho dos aspirantes aqui – recuso-me a chamá-los de atores, porque falta muuuito para tal classificação.
O desfecho também não é muito interessante devido a sua previsível e fácil resolução. Por isso, “À prova de fogo”, repleto de inúmeras e notáveis limitações, inclusive textuais, se salva por um específico, sobredito e elogiável ponto: inspirar casais em crise.

Muitos das críticas que li sobre o filme, reclamaram da essência maniqueísta que ele transpassa. Também pudera, o mesmo é catalogado como um filme cristão, então, não haveria outro foco. Porém, a questão maior é que muitos se incomodam exatamente pelo filme seguir o gênero “religioso”.
A meu ver, qualquer pessoa, seja de qual religião for, quando se tem algo consistente a dizer, merece ser ouvida. Preconceitos relacionados a crenças deveriam ser ignorados no que diz respeito a cinema, pois cada indivíduo tem capacidade o suficiente para distinguir o que deve ou não ser absorvido por si.
Em “À prova de fogo”, acima de qualquer discursivo religioso, panfletário ou dicotômico envolvendo o bem e o mal, é um longa que vem com ótimos princípios sociais.
Entre tantos filmes vazios e desconexos presenciados no mundo da sétima arte, este tem um objetivo totalmente altruísta. Seus argumentos para se salvar o casamento são consistentes e adaptáveis a qualquer pessoa, independente da enaltecida inspiração divina reconhecida pelo protagonista quando este se decide por viver o programa de 40 dias. E se a retratação cai no clichê, posso certificar que não é o único filme a recorrer a essa medida, a diferença é que o fim de tudo vai além do simples fato de emocionar gratuitamente o espectador. Sendo assim, eu o considero um bom filme; um filme que tem uma razão e se esforça por transmiti-la sem ofender.

Enfim, resumindo, eu faço um apelo: não ignore seu senso crítico ao assistir “À prova de fogo”, apenas deixe seu egocentrismo de lado, e da forma mais humilde possível, tente assimilar as mensagens positivas emitidas pelo mesmo. Como já dito, dentre tantos filmes hollywoodianos negativamente influenciáveis e propositalmente polêmicos, esta simples película independente, despretensiosa e bem intencionada não o fará perder tempo ao vê-la, você só precisará se desprender de alguns conceitos negativos para deleitar-se com ele de forma plena. Não é fácil, mas também não é impossível.


Filme "UM OLHAR DO PARAISO"

Se algum dia o diretor Peter Jackson fez por merecer qualquer reconhecimento em relação à sua carreira, foi devido à trilogia "O senhor dos anéis", e talvez, também pelo ótimo remake de "King Kong". No entanto, ao falar de "Um olhar do paraíso", seu mais novo filme, não consigo pensar em outra definição que não seja essa: trivial.
A estória de uma menina assassinada que busca resolver seu caso do além, por seu assassino ainda estar à solta, não soa, a meu ver, nada interessante.

Eu cheguei a pensar que depois das adaptações literárias e remake tão criativos e bem produzidos, Peter Jackson seria capaz de, satisfatoriamente, dar vida a todo tipo de obra que fosse... ledo engano. O mesmo que cometi com o diretor dinamarquês Lars Von Triers, até assistir “Anticristo”.

“Um olhar do paraíso”, mesmo sendo também uma materialização literária, além de explanar uma estória pouco atraente e nada inovadora (não me lembro de nenhum filme em específico, mas sei que já vi filmes similares), o faz de forma batida e um tanto lânguida. Isso pra não dizer desagradável.
Porém, os problemas deste longa não se limitam à trama em si. Ao pesquisar um pouco sobre o filme descobri que o mesmo foi rejeitado pelo público em suas primeiras exibições, resultando-se assim em sua suspensão nos cinemas, tudo para reformular a campanha de marketing, em que o retornariam mais chamativo aos adolescentes – estes mais fáceis de engambelar...

Se toda a alteração com a publicidade funcionou com o, digamos, agora público-alvo, não posso ao certo dizer, mas ao me basear na estória em si, ouso arriscar um palpite desprendido de qualquer expectativas, pois, a crítica americana a bombardeou implacavelmente, e nesse caso, com toda razão.
E como não poderia ser assim? O roteiro por si só é uma tristeza - e no sentido literal da palavra. As falhas são gritantes, a narrativa não se decide por qual gênero seguir, enquanto o visual do filme, apesar de belo e ligeiramente exibido, não deixa de ser demodé. O enredo até tem suas parcelas de terror, suspense e fantasia, mas no fim não passa de uma salada sem nexo, sob uma estendida e maçante duração.

Por outro lado, o elenco quanto as suas interpretações está muito bem, destacando, claro, a airosa jovem Saoirse Ronan ("Cidade das Sombras") como a infeliz assassinada, em um exemplo de delicadeza e sensibilidade.
Mark Wahlberg (“Fim dos tempos”) como o pai da moça na estória, está com um visual, pode-se dizer, repaginado e bem jovial (totalmente incoerente se comparado a aparência de sua filha na estória). E como sempre, sua interpretação quase indecifrável não passa da mediania, o que para ele é um elogio.
A mãe é feita por Rachel Weisz (“Constantine”), esta sempre bem em tudo que faz. O único problema que ronda sua personagem é a ausência sem mais nem menos da mesma na estória, muito mal desenvolvida por sinal.

De qualquer modo, eu acredito que a estória não emplacou por de fato ser extremamente incômoda e mórbida.
Pense: que sentido tem o espectador presenciar o hediondo assassinato de uma jovem e por duas horas vê-la postumamente sofrendo, e assim também seus pais, sabendo que, obviamente, ela não terá um final dos mais dignos?
Tudo bem, ela vai pro céu, aparentemente o melhor destino após o seu precoce fim. Porém, mesmo assim, a circunstância que a levou até o dito paraíso não deixa de ser deprimente. O que fica ainda pior ao presenciarmos um céu tão limitado e tatibitati como o representado aqui.

Sem mais a dizer, concluo com o seguinte pensamento: a experiência de assistir "Um olhar do paraíso" só me fez confirmar que a competência de alguém pode ser tanto relativa quanto temporal, afinal, todos somos suscetíveis a erros ...
Pra quem não entendeu, essa necessária ressalva é uma negativa indireta ao desempenho do diretor Peter Jackson, do qual eu esperava mais... pelo menos algo que fosse superior a uma perspectiva clichê e um céu chinfrim.


18 fevereiro 2010

Filme "LUA NOVA"

Stephenie Meyer, a criadora da saga “Crepúsculo”, obviamente não é nenhum exemplo de eloquência e autenticidade na arte de redigir, mas temos que reconhecer sua elogiável sagacidade, afinal, criar uma estória batida que relata a interação de uns poucos humanos com utópicos vampiros, envolvendo duas dessas distintas figuras em um romance shakespeariano, e a transformar em uma febre tanto literária quanto cinematográfica, não é pra qualquer um.

Ao contemplarmos sucessos juvenis cinematográficos como “Harry Potter”, também adaptação de uma obra escrita, é compreensível devido à ação da estória, aos temas atrativos, sempre evoluindo e recriando, ao contrário da série idealizada por Meyer que dá lugar somente a tramas excessivamente açucaradas, regadas de insipidez, lamúria e bastante pó compacto. Sem falar de seus títulos altamente ingênuos e romantizados – cada um indica o momento pelo qual a protagonista está passando, relacionando metaforicamente o sentimento dela às variantes da lua.
Se eu pudesse indicar um nome para um suposto quinto livro, seria “Minguante”, pois assim tal título fecharia com “chave de ouro” a estória, compendiando totalmente a qualidade da mesma num todo: mirradinha, mirradinha...

Bom, optando eu por comentar sobre a segunda edição de “Crepúsculo” intitulada como “Lua nova”, adianto que o foco continua sendo o amor do descorado vampiro Edward e da insossa humana Bella. Porém, desta vez a película retrata o pior momento da vida da mocinha: quando seu amado a abandona.
Pormenorizando, Edward decide deixá-la ao perceber o quão inseguro é para ela manter-se ele próximo com tantos vampiros em derredor.
A partir daí surgem as cenas mais irritantes e risíveis do longa: a desilusão de Bella, com direitos a chiliques e muita histeria – lastimável ter presenciado isso.

Mas confesso que para o público se envolver realmente com a estória é necessário se ter qualquer familiarização que seja com os livros, pois se assim não o for, muitos detalhes não farão sentido, como por exemplo, o clã dos vampiros, totalmente esquemático e sem sustentação.
Inclusive, muitos são os furos temporais para adequar a extensa trama do livro ao filme, como o fato de Bella em menos de 12 horas conseguir realizar uma viagem que no livro é descrita sob a duração de três dias.
Sendo assim, muitos detalhes foram fiéis ao livro, enquanto outros importantes foram sem mais nem menos cortados ou desvirtuados aqui, mesmo com o filme tendo aproximadamente 2hr de duração. Ou seja, um tempo bastante justo para se retratar um romance tão simplório.

A caracterização dos vampiros continua berrante e exagerada, em que purpurina e maquiagem rolavam a solta nas composições. Por outro lado, os lobisomens, agora realmente visíveis e consideráveis, não necessitam de se travestir, basta apenas ficarem sem camisa e esperar que os efeitos especiais – melhores, por sinal – façam todo o trabalho de inseri-lhes pêlos e garras.
E por falar em lobisomens, se existia algum motivo pelo qual o ator Taylor Lautner, que vivencia o personagem Jacob, chamava a atenção no primeiro filme, era pela quantidade de cabelo que o mesmo ostentava. Agora em “Lua nova”, sofrendo seu personagem uma reviravolta plástica, sob o efeito de alguns exercícios físicos e total extirpação de suas madeixas, ele rouba a luz dos holofotes, quase empalidecendo – ainda mais – a presença de Robert Pattinson.
E essa dedicação toda dele ao papel quanto à exigida aparência sarada do personagem, foi necessária, porque se ele não adquirisse pelo menos mais 14 quilos de massa muscular, o papel não seria seu.
Mas, asseguro as garotas de plantão que não se entusiasmem, porque o máximo que ele faz é aparecer descamisado no melhor estilo Marcos Pasquim em seus tempos áureos de novela das sete da Rede Globo.
Se bem que para elas isso é razão suficiente para criar alvoroço em torno dele.

A direção desta vez ficou ao encargo de Chris Weitz (“A bússola de ouro”), substituindo Catherine Hardwicke, no entanto, parece que a cada sequela a direção será aventurada por outro profissional. No terceiro longa, denominado como “Eclipse” (aff...), já se sabe que o responsável é David Slade.
Pelo menos este tem experiência em criar figuras vampirescas mais interessantes, baseado em seu trabalho à frente do terror “30 dias de noite”, também encabeçado por vampiros, só que, digamos, menos dóceis.

E como não poderia ficar de fora, minha análise sobre o desempenho da mocinha Kristen Stewart, constatou que esta continua desinteressante e apática, só que desta vez sua representação afetada me fez questionar a estabilidade psicológica de sua rasa personagem, pois tanto descontrole e renúncia em torno de um vampiro não indica muito equilibrio emocional.
Por sua vez, o galã da saga Robert Pattinson, em relação a “Crepúsculo” apareceu bem menos nesta continuidade, o que também não fez diferença. A meu ver, seu personagem continua chato e indecifrável.
Quanto ao restante do elenco, sob um apanhado geral, não tem muito que se comentar. Ninguém, nem mesmo os estrelas da vez brilham aqui – a não ser Pattinson sob a luz solar... brincadeirinha.
Até mesmo Dakota Fanning, sempre reconhecida e enaltecida por mim devido ao seu trabalho, ao fazer parte do elenco em uma participação pouco aproveitada, se mostrou mais convencida do que convincente.

Enfim, “Lua nova” é um filme volúvel, sem grandes expectativas, que visa mais agradar as enlouquecidas fãs a se manter consistente.
Sem dúvida é melhor e mais movimentado que o primeiro, mas, ainda assim, continua sendo uma projeção meia-boca de se ver.


05 fevereiro 2010

Filme "RESISTINDO ÀS TENTAÇÕES"

Beyoncé por ser a evidência da vez no meio musical, me inspirou a resenhar sobre o filme “Resistindo às tentações” estrelado por ela em 2003, época de seu debute em carreira solo.
Quando o assisti pela primeira vez, logo que lançado direto nas locadoras, instantaneamente me deslumbrei com a estória e a trilha sonora. Hoje, estando eu um pouco mais experiente e com uma visão mais apurada no que diz respeito à sétima arte, tenho outra postura concernente à estória, embora algo continue imutável em relação ao mesmo: a aprovação pelas músicas.

O filme traz também a presença de Cuba Gooding Jr. na pele de Darrin Hill, um executivo desonesto recém despedido de uma agência de publicidade.
Como um promissor escape de sua situação desesperadora, ele descobre que sua tia, moradora de uma pequena cidade no estado de Geórgia, a qual também é sua cidade natal, faleceu e lhe deixou uma herança de 150 mil dólares. Entretanto, para ele se apossar de tal bagatela, será necessário cumprir uma cláusula nada fácil exigida por sua finada tia como último desejo: gerenciar um coral na igreja em que ela era membro e transformá-lo no vencedor de uma concorridíssima competição gospel.
Sem opção, ele então retorna ao lugar, se passando por produtor musical e ingressando nessa aventura totalmente nova para ele.

Como se pode ver, o enredo desde o princípio apresenta uma essência evangélica bastante expressiva, o interessante é que o filme não é regado de oportunismo, apologia ou manipulação como costuma ser as projeções de cunho religioso.
Na verdade, “Resistindo às tentações” não passa de uma comédia ligeiramente cristã embalada pelo o melhor da música Gospel, tendo ainda a contribuição de várias tiradinhas sarcásticas (com certa reserva, lógico) junto ao tema.
Quanto à direção do filme por conta do indiferente Jonathan Lynn, dono de um currículo marcado unanimemente por comédias sem originalidade, não passou de mera colaboração, pois o resultado do filme depende muito mais do talento vocal dos participantes do que propriamente dito do diretor.
E talento é o que não falta, graças aos ótimos e variados representantes nomes do Gospel, R&B e hip-hop, entre eles: a reverenda Shirley Caesar, a dupla Mary & Mary, os garotos cegos de Alabama, Angie Stone, Melba Moore, The O'Jays, entre outros.

Já a atriz principal, Beyoncé, em termos de atuação está sofrivelmente apática, no entanto, quando abre a boca, seu talento musical é indiscutível, fazendo-nos compreender plenamente o porquê de sua escalação como tal.
Enquanto Cuba Gooding Jr, reconhecido por seu competente timming cômico, não está em sua melhor forma no papel, aparentando até um ligeiro desconforto. No obstante, seus piores momentos mesmo, desprovidos de qualquer química, se dão quando há interação entre ele e Beyoncé.
Inda assim, dentre as películas estreladas por Beyoncé, esta, na intenção de destacar sua imagem, foi a mais bem sucedida, diferente do mais recente e também musical “Dreamgirls”, no qual ela foi totalmente desfocada pela presença de Jennifer Hudson.

De qualquer forma, filmes musicais, em suma, costumam ser duvidosos graças à mesmice que paira sobre seus roteiros.
Não fugindo à regra, “Resistindo às tentações” se rende aos clichês mais gritantes e sequenciais, com direito a um desfecho previsível e açucarado. Portanto, para avaliar esta película que, como todo musical, se sustenta em meio às canções e não ao argumento estrutural, o jeito é analisar estritamente as canções.

E como já foi mencionado, o longa nesse quesito, não fica devendo a ninguém. Entre tantos representantes do gênero como o potente e supracitado “Dreamgirls”, o incessante e exagerado “Hairspray” e o insosso “Nine”, "Resistindo às tentações" dá a sua precisa contribuição, conseguindo ainda por cima evitar um erro muito comum no gênero: o excesso de cantoria.
Tudo bem que são películas especificamente sonoras, mas esse fato não extingue por inteiro uma trama que seja. E aqui, mesmo sendo seu roteiro ingênuo, floral e óbvio, não deixa de ser divertido.
As canções não substituem simplesmente os diálogos, elas são partes imprescindíveis durante as passagens da história. E apesar de ser mais fraco, é impossível não compará-lo à “Mudança de hábito” de Whoopi Goldberg – com certeza, sua maior inspiração, tanto pela semelhante estória, quanto pelo pano de fundo religioso.

Porquanto, admito que pra mim seja extremamente difícil ser imparcial em relação ao longa, afinal, ele atende inteiramente minhas preferências musicais... é por este motivo que minhas constatações soam um tanto apaixonadas – posto que, qualquer pessoa de bom senso saiba reconhecer quando uma música é bem representada, inda que esta não supra seu gosto pessoal.
Mas nem por isso deixo de reconhecer que “Resistindo às tentações” não é uma obra-prima, nem o melhor do gênero, muito menos inovador, e sim, somente um filme auditivamente belo que soube conquistar tal título com louvor (!) – a rima foi péssima, mas o trocadilho foi apropriado...
Logo, não se podendo exatamente analisá-lo, visto que sua estória é extremamente convencional, independente disso, ele merece ser ouvido, pois uma trilha sonora gospel ao transitar pelos estilos seculares denominados como Hip Hop, Black, R&B e jazz, sem envolver o senil conservadorismo litúrgico é uma tremenda façanha!

Então, sem mais, a você que aprecia música em todos os sentidos, o consentimento positivo por esta retratação caricata e bem-humorada do cotidiano de uma igreja protestante americana dominantemente negra, será inevitável!
Agora, caso você seja avesso a essa arte, reformulo minha recomendação: simplesmente ignore-o, porque além das músicas não sobra muito.


02 fevereiro 2010

Filme "PREMONIÇÃO 4"

Antes de comentar sobre “Premonição 4”, eu acho mais justo fazer uma retrospectiva sobre a série para se achegar ao ponto necessário da minha opinião.
Seguindo então essa ordem, no inicio dos anos 2000, surgiu “Premonição” (Final destination), um suspense no qual o foco era seu personagem central Alex (interpretado pelo sumido ator canadense Devon Sawa) e sua habilidade de prever a morte.

Por falar na dita cuja, normalmente em filmes do gênero a morte é uma peça imprescindível como o resultado do terror, só que em "Premonição", embora ela fosse legitimamente retratada de forma invisível, a grande novidade girava em torno de sua atípica atuação, o que se devia ao fato de ela ter sido propriamente à vilã da estória, ou melhor dizendo, a causa de si mesma.
Assim, vingativa e implacável, a indesejada perseguia todos àqueles que de alguma forma saíram ilesos de suas primeiras investidas, conseguindo ser tão eficaz como qualquer outro vilão palpável.

Pra você que não conhece nenhum dos filmes, eu sei que descrevendo assim a premissa aparenta ser ingênua, mas não se engane, pois o notável roteiro foi uma tremenda surpresa, ainda mais pelo filme ter sido lançado após a década de 90, a qual foi marcada por películas cujo antagonista era predominantemente um serial killer.
Por tal motivo, esta substancial projeção não só obteve um diferencial em meio aos filmes de terror adolescente na época, como deu uma guinada na mesmice que pairava sobre os tais.

Em consequência disso, “premonição”, obviamente, acabou ganhando três sequelas – ao que parece, esta é a obrigação de todo filme junto à Hollywood quando alcança certo êxito junto à bilheteria e crítica –, tudo graças ao interesse absolutamente pecuniário das indústrias do cinema.
Por outro lado, a parte mais aborrecida desta questão é a falta de qualidade das ditas continuações que muitas das vezes desvirtuam a idéia original – foi assim também com o copiadíssimo “Pânico” de Wes Craven e seu rival “Eu sei o que vocês fizeram no verão passado”...

Voltando-se então específica e necessariamente ao filme em destaque, “Premonição 4”, por sua vez, tem agora como personagem central Nick O'Bannon, isso porque a cada continuação de “Premonição” o protagonista é substituído por um ator nitidamente pior.
Já a direção e o roteiro ficaram ao encargo de dois veteranos no que diz respeito a estória: David R. Ellis (“Serpentes a Bordo” e “Celular – Um grito de socorro”) responsável pela direção do segundo e Eric Bress, também já familiarizado com o roteiro da segunda edição.

Bom, na trama, Nick, após uma ter uma horrível visão na qual uma brutal série de eventos provoca uma batida múltipla de carros, incinerando tudo a volta, matando muitos e deixando o local em destroços, convence seus amigos a evitarem a corrida. Porém, como consequencia, todos os que escaparam iniciam sua própria corrida pela sobrevivência, afinal, a morte irá requerer "seus direitos".
Diante de tal sinopse, como já era previsto, "Premonição 4" segue, sem hesitar, a mesma linha dos outros, alterando apenas a localização do iminente desastre que impulsionará o desenrolar sanguinolento.
A única novidade aqui, se é que podemos chamar assim, é a técnica de filmagem em 3-D – Respectivamente neste caso, um recurso de apelo estritamente visual utilizado para contornar a falta de consistência no roteiro –, fora isso, o resto é só fiasco!

Na verdade, se teve algum dos títulos da série que fez por merecer elogios, foi o primeiro filme. Ele supera todos os outros por meio de seus sólidos questionamentos, seu clima significativamente tenso e suas atuações bem mais comprometidas – no casting tinha Seann William Scott e Ali Larter, nomes bem mais expressivos do que teve qualquer outro da franquia.
O segundo até conseguiu marcar alguns pontos, por manter um sentido linear em relação ao precursor, preservando o contexto e inteligentemente alguns personagens (pena terem excluído depois o sinistro personagem patologista).
Sem contar que foi através de "Premonição 2" o início da evolução na elaboração das mortes. Porém, como o roteiro principal não dava margem estrutural a uma continuidade – como dito, ideia absurda e capitalista restrita aos interesses de Hollywood -, “Premonição 2” acabou se rendendo à mesmice. Enquanto no terceiro o desgaste da estória já havia se tornado incômodo, perdendo de vez a linha de raciocínio e limitando-se apenas às gratuitas mortes.
Agora, é aqui em "Premonição 4" que a saga perde todo o sentido da trama original,não restando um resquício sequer do que já foi um dia.
Nem mesmo as engenhosas mortes são mais suficientes, visto que nos anteriores tudo se saturou consideravelmente..

Portanto, após esse vislumbre, não resta mais o que falar de “Premonição 4”...
Eu comentaria sobre mais o quê? Sobre o fato de as cenas estarem mais corridas e forçadas? Ou que, apesar da distância cronológica, os efeitos especiais estão mais toscos? Ou devo frisar a inexpressividade dos personagens diante das mortes graças à falta de talento dos atores?
Porque, sem mais retóricas, o filme é só isso, óbvio, tacanho e sem carisma, desde o aspirante elenco às resoluções previsíveis.

Por fim, só me resta asseverar que os quatro filmes – curiosamente lançados de três em três anos – não se complementam, nem apresentam um mísero argumento para explicar as premonições, ou uma razão que seja para as mesmas terem ocorrido em lugares determinados, como avião, montanha russa (...); muito menos dão um motivo plausível para o dom resvalar entre os diversos personagens principais.
De qualquer modo, “Premonição 4” – por enquanto o último filme –, a meu ver, não teve outra intenção a não ser angariar bilheteria em cima de nossa juventude afoita por violência imoderada.


Filme "ATIVIDADE PARANORMAL"

Se existe um filme que pode ser classificado como original por utilizar recursos de aspecto amador no que tange à filmagem é “A bruxa de Blair”.
O mesmo estreou sob a especulação de ser uma reprodução de uma fita supostamente encontrada em meio à floresta de Black Hills nos EUA por uma equipe de busca que vasculhava o local a procura do paradeiro de três jovens estudantes de cinema.
O conteúdo da fita filmado pelos próprios jovens, segundo as hipóteses, registrou o tenso momento pelo qual eles passaram na floresta até desaparecerem totalmente enquanto tentavam realizar um documentário sobre a lendária bruxa da região.

Sem dúvida, essa foi uma das jogadas de marketing mais bem-sucedida da história do cinema, pois até hoje existem aqueles que ainda acreditam na veracidade dessa versão.
Mediante a isto, pouquíssimas, mas insistentes projeções surgiram ao longo dos anos aderindo ao estilo e buscando assim uma ponta que seja de sucesso.
Julgando então os filmes adeptos da “gravação caseira”, é incontestável o fato de que os mesmos seguem à risca as inerentes características estruturais oriundas de “A bruxa de Blair”: cenas visualmente limitadas; cortes grosseiros; introdução e desfecho amorfo, e o clima realista e angustiante.
Se este não foi o responsável por lançar a moda, certamente popularizou a técnica, portanto, não tem como ele não ser a maior referência no quesito.

É claro que cada filme tem uma proposta diferente, como por exemplo, “Cloverfield – o monstro” e o espanhol “REC”, mas no fim é tudo efeito de um mesmo produto. Não são nada mais do que filmes pretensiosos e propositalmente "mal produzidos", com estórias que relativamente assustam pelo fato de retratarem uma situação utópica de forma verossímil.
O sobredito “A bruxa de Blair”, no entanto, é o único autêntico nesse âmbito, não por serem verdadeiras as suas alegações, mas por ser ele a maior inspiração desse estilo cru, de ângulos mal direcionados e tremidos. Portanto, por não haver mais novidades nessa questão, não vejo motivos para que mais filmes nessa linha surjam.

Mas ao que parece, o diretor (se é que posso denominá-lo como tal) Oren Peli, não obstante, pensa de outra forma.
Ao estrear no ramo da sétima arte, ele criou sua primeira obra conhecida como “Atividade paranormal”, um suspense que foi sucesso absurdo de bilheteria e também identificado por muitos como o mais competente herdeiro de “A bruxa de Blair”.
Reconheço que não se pode simplesmente desmerecer esse filme. Ele, apesar de oferecer bem menos do que propagam, tem lá seus momentos... insuficientes, mas tem.
Um fato interessante no tocante ao mesmo foi à idealização de Peli com relação à estória. Até onde sei, o roteiro teve bastante improviso e muitas alterações no decorrer de suas filmagens. O próprio desfecho foi refeito para que quando lançado alcançasse por sua vez um apelo mais pasteurizado.
Devido então a inesperada ascensão do trabalho assinado por Peli, surge a pergunta que não quer calar: o que faz de “Atividade paranormal” um filme tão solicitado? Ou melhor: como um filme filmado integralmente por uma única câmera, esta sendo utilizada muitas das vezes sob o recurso de “visão noturna” (uma imagem que não privilegia a visão do espectador), pôde arrastar tantas pessoas para o cinema?
Eu confesso: ainda não encontrei o porquê do êxito junto ao público, sinceramente...

Primeiramente, o filme tem aproximadamente uma hora e meia; nesse período, somos apresentados a um casal denominado como Katie e Micah, interpretados por neófitos atores de nomes homônimos. O cotidiano deles representado é o mais normalesco possível. Se o filme pode ser elogiado é exatamente por esse ponto: a naturalidade dos atores.
Quanto ao desenvolvimento da trama, gradativamente nós nos deparamos com o drama de Katie que começa a sentir-se coagida por uma presença maligna. Por vezes ela chega a afirmar que é possível sentir até sentir a respiração da tal entidade.
Diante disto, por iniciativa do marido , eles decidem filmar constantemente sua rotina doméstica em busca de qualquer evidência sobrenatural, inclusive, nos momentos em que estão dormindo.
Agora pensem em momentos extremamente fastidiosos em que uma lâmpada piscando, ou um vulto na parede são guardados justamente para a conclusão porque não há nada mais contundente a se mostrar durante o longa. Pensou? Pois é, isso é "Atividade Paranormal".
Devido a isso, eu posso atestar que todas as tentativas aqui de se retesar o espectador são pífias e óbvias. E como consequencia desse fato, fica a impressão de que não existe um roteiro, e sim, uma comumente representação do dia-a-dia de um casal, esta tão arrastada como a de qualquer mero mortal, exceto pelos frugais momentos tensos envolvendo, como já disse, vultos e luzes se auto-acendendo.

Talvez prevendo a apatia pela qual o filme seria envolvido, Peli decidiu inserir uma desnecessária cena de uma moça que havia passado pela mesma situação de Katie e agora tinha seu vídeo disponível na internet revelando o fim que a mesma teve.
O casal mobilizado a assistir o tal video, confere no mesmo uma réplica inópia de “O exorcista” com direito a uma moça amarrada na cama, com o rosto desfigurado e aparentemente possuída, fato este que não ajuda nem acrescenta nada ao filme.
Por fim, o único momento, digamos, assustador de "Atividade paranormal" se dá unicamente em seus minutos finais, visto que, o espectador para contemplar o tal momento, precisará de uma apurada paciência, senão, desistirá antes mesmo de o filme chegar a sua metade.

No mais, é totalmente certo o que muitos afirmaram: “Atividade paranormal” funcionou para alguns, já para outros ele não passou de uma imensurável experiência bizarra.
Nem o fato de sua bilheteria ter sido um sucesso, garante que todos tenham gostado - eu mesmo sou um dos representantes contrários.
Por isso, só recomendo uma coisa com relação ao filme: se você é uma daquelas pessoas que não se satisfizeram com a exibição de o supramencionado “A bruxa de Blair”, então nem pense em assistir a este filme aqui; imagine-o como uma sequencia piorada... preciso dizer mais? Acho que não.


25 janeiro 2010

Filme "ZUMBILÂNDIA"

Um vírus letal assola todo o planeta e transforma a maioria das pessoas em famintos zumbis. Por tal motivo, os poucos sobreviventes, para se defenderem, se vêem obrigados a procurar um local seguro, evitando assim de serem devorados.

Parece uma sinopse familiar? É... eu sei, mas já adianto que não estou falando de “Diário dos mortos”, nem de “Madrugada dos mortos”, nem “Extermínio”, ou qualquer outro filme do estilo "mais do mesmo", e sim, de “Zumbilândia”!
Com certeza, você deve estar se perguntando: que raio de título infantilóide e bizarro é esse?
Bom, por meio dele, pode-se obviamente prever que a proposta deste filme, apesar de abordar pela milésima vez o corroído tema “mortos-vivos”, não é a mesma a qual estamos acostumados a ver.
Em primeiro lugar: para contornar o desgaste do gênero, a direção optou por inserir na estória uma linha humorística – o melhor exemplo que temos dessa novidade é o divertido “Todo mundo quase morto”.
Por isso, este filme, adequadamente denominado de “zumbilândia”, traz sua significante e necessária contribuição para repaginar o “universo dos zumbis”.

É certo que há cenas fortes e sanguinolentas e toda aquela típica carnificina do gênero, mas vale ressaltar que o clima dos acontecimentos estão sob um camuflado ar infante (nada comprometedor), desviando o filme de qualquer tipo de apelação. Méritos da esforçada direção do iniciante Ruben Fleischer e do empenho de seu engajado elenco.
No entanto, por mais paradoxo que seja, mesmo contendo essa essência ligeiramente juvenil, não o recomendo para os pequenos por ser o mesmo mais pesado do que se espera em suas primeiras tomadas.

A princípio, ambos os roteiristas, Rhett Reese, contando com a cooperação de Paul Wernick – ambos desconhecidos –, desenvolveram a estória para uma suposta série de televisão, em que a primeira metade do filme seria o provável episódio-piloto. Talvez os produtores pressagiaram o êxito do filme, e assim “Zumbilândia” veio direto para as telonas, tornando-se então sucesso de público e crítica nos EUA.
E graças ao seu desenrolar agitado, inovador e suficientemente atrativo, já se escuta rumores sobre suas sequencias (isso mesmo, no plural).

O ator Jesse Eisenberg (“Amaldiçoados”) – eficiente em seu estereótipo de nerd americano – é um dos protagonistas e ao narrar à estória em primeira pessoa dispensa aqui o intrincado e desnecessário cruzamento de informações em se tratando de filmes de terror.
Logo de início, ele apresenta ao espectador suas inúmeras e promissoras regras de sobrevivência, disciplinadamente seguidas por ele, que mostram como se sair ileso de uma infestação de zumbis, momento este em que ele se encontra.
Toda vez que Columbus, o personagem de Jesse, cita uma regra e o momento propício de executá-la, a cena é exemplificada na tela, descrita com direito a título em letras garrafais, rebobine da ação e ótica sob variados ângulos, tudo isso para que todos possam, meticulosamente, entender como funciona os seus elaborados escapes contra os iminentes ataques dos hostis zumbis.

Continuando com o elenco que, diga-se de passagem, é um show à parte, temos o versátil Woody Harelson (“Sete vidas”), encarnando um papel digno de seu perfil: engraçado, cínico, indiferente e destemido; sendo ele o responsável por ajudar involuntariamente Columbus (Jesse Eisenberg).
E para que tudo se torne funcionalmente mais caricato, o paradigma de anti-herói indestrutível que gira em torno do personagem de Harelson é “desvirtuado” quando contemplamos sua obstinação por achar um tipo específico de bolinho recheado, que para ele é mais importante do que aniquilar os perigosos mortos-vivos à sua volta.

Não posso me esquecer das representantes femininas do casting principal, composto por Abigal Breslin ("A pequena Miss Sunshine") e Emma Stone ("Superbad - é hoje").
Por algum tempo eu tive a pequena (já não tão mais) Abigal como superestimada. Após seu papel aqui, posso dizer que o talento dela não é extraordinário, mas merece às honras que já teve.
Já Emma Stone, bonita e carismática, me remeteu aos tempos áureos da carreira de Goldie Hawn, por ser ela uma espécie de versão morena e trinta anos mais jovem da tal.

Um detalhe que também merece ser revelado aqui é a inversão comportamental pela qual os personagens foram definidos.
Normalmente as mulheres em filmes assim colaboram para com os gritos e o pavor das cenas, enquanto os homens tomam as rédeas da situação, encabeçando os momentos cruciais da ação – embora esta seja uma visão antiquada, machista e clichê, que ainda persiste no cinema. Só que em “Zumbilândia”, qualquer homem que se atreva a mexer com a dupla de irmãs Wichita (Emma) e Little Rock (Abigal), se arrependerá.
Elas, por meio de uma bem explorada transposição de personalidade, são bem ordinárias – no bom sentido, claro. E à custa dos personagens de Woody Harelson e Jesse Eisenberg, elas protagonizam os momentos mais sacanas da estória, fazendo por isso, o ingresso valer ainda mais.

Das tantas qualificações, a bastante comentada aparição bem-humorada de Bill Murray tornou o filme ainda mais proveitoso. Ele afirmando seu arrependimento em participar do filme “Garfield”, foi impagável!
Quanto à parte visual do filme, só me resta prosseguir incessantemente com os elogios. A caracterização dos zumbis é precisa, aterradora e sutilmente cômica. A fotografia, esplêndida! A ambientação erma das cidades, super crível. Enfim, está tudo muito bem nivelado a qualidade do roteiro.

A única questão que poderia ser vista como problema neste longa é narrativa que em meados torna-se arrastada, mas por ser por um lacônico período, não é nada que prejudique o filme.
Na verdade, o público acaba entendendo que tudo não passa de uma produção esperta que soube brincar alternativamente com um tema desgastadíssimo, conseguindo também manter a qualidade junto ao enredo, devido ao esmero de toda uma equipe.
Sem mais, o ótimo roteiro é detentor de todas aquelas características inerentes ao gênero: competência visual, futilidade estrutural e inconsequência por parte dos personagens. Ou seja, o resultado não poderia ser mais satisfatório.
E para que o proveito seja por completo, recomendo que o espectador se focalize somente na identificação com os personagens (que é certa), na diversão (também garantida) e mais nada.
Acreditem: quem quiser assistir “Zumbilândia”, não irá se arrepender.


21 janeiro 2010

Filme "AUTÓPSIA DE UM CRIME"

Mesmo sem muita expressão, o lançamento do filme “Autópsia de um crime”, ainda assim, deu o que falar. E foi por esta razão que resolvi assistir o filme.

A estória apresenta Ted Gray (Milo Ventimiglia, da série “Heroes”), um jovem médico que acabou de concluir a sua licenciatura entre os melhores da turma. Como consequência disto, ele se insere entre um dos mais prestigiosos programas de Patologia do país.
Logo, ele é convidado pelos jovens patologistas internos a se integrar ao grupo. E aos poucos, o comportamento duvidoso dos tais médicos, deixa transparecer certo mistério.
Por esta razão, Ted começa a sondar os colegas, descobrindo assim um jogo macabro realizado por eles, no qual ele se envolve voluntariamente.

O jogo pode ser descrito da seguinte forma: rotativamente, um dos médicos legista fica incumbido de trazer um novo corpo à mesa. Depois de feito, sem deixar evidências, todos se reúnem secretamente no hospital para realizar a autópsia no corpo, buscando identificar como o responsável praticou o homicídio.
Ganha a aposta àquele que conseguir cometer o crime com maior dificuldade na determinação da causa de morte, de forma que nem o melhor patologista consiga desvendar.

Continuando... Por esta premissa desenvolve-se uma trama fria, que incomoda em muitos momentos, principalmente pelas atitudes perversas tomadas pelos dúbios personagens.
O elenco, bem escalado, dá vida a personagens com personalidades igualmente doentias e calculistas, que não demonstram qualquer tipo de ética, pudor ou respeito com relação aos corpos em que trabalham. Podendo incitar aí uma inquietante curiosidade no público em saber se realmente existe casos assim.

No entanto, o desconhecido e ousado diretor Marc Schoelermann, mesmo tentando retratar os fatos de forma verossímil, conseguindo até extrair do elenco atuações seguras e naturais, traz uma superficial construção narrativa à trama, bem como o desenvolvimento.
A injustificável filosofia de vida dos subversivos médicos é transmitida sem muita lógica, deixando o filme vazio. Talvez, por esta razão, a produção é desnecessariamente recheada de apelativas cenas de sexo e violência.

O roteiro escrito pela dupla Mark Neveldine e Brian Taylor – os mesmos responsáveis pelo filme de ação “Adrenalina” –, peca pelo excesso, soando em alguns momentos exagerado, esquemático e até fetichista.
Outro ponto negativo a ser conferido no longa é em relação à fotografia. Demasiadamente escura e sem qualidade, a mesma passa a idéia de filme amador. Enquanto a trilha sonora, igualmente lamentável, é confusa e irritante.

Agora, levando em consideração a novidade do tema e o seu imprevisível desfecho, pode-se dizer que o filme alcança uma superioridade em relação às bombas do terror “série B” lançadas ultimamente.
Portanto, “Autópsia de um crime” pode ser considerado um entretenimento mediano, ainda que manifeste a sua única e deliberada pretensão em chocar quem o assiste.