A Disney sempre enalteceu a imagem das figuradas intituladas como “princesas”, tornando-as sonho de consumo entre a maioria das garotinhas, e uma de suas marcas registradas. Ultimamente até mesmo a forma de retratá-las tem sido tão variada, quanto constante, desde o tradicional formato em desenho animado, como visto no recente “A princesa e o sapo” – este inova pelo fato de a princesa ser a primeira representante da raça negra –, a versões live-action, como no chatíssimo “Encantada”.
Agora, como era de se esperar, nos aparece à estória de Rapunzel, diria até que tardiamente, debutando como a primeira princesa em animação CGI.
Como acontece em todo desenho que leva o nome Disney, este é também embalado por uma trilha sonora enfastiada, sob um clima totalmente pueril, contando com a presença de personagens secundários, normalmente animaizinhos exóticos, responsáveis por todas as piadinhas mais do que batidas.
É claro que isso não resume “Enrolados” – o título mais masculino que encontraram para Rapunzel, na tentativa de tornar a estória unissex –; o filme é bom e tem seus momentos, tanto engraçados como romântico. Destaque para a cena do lançamento das lanternas iluminadas ao céu, recheada de brilho e enlevo, tanto visual como climático, por assim dizer.
Mas não posso negar que sinto a saturação rodear o gênero. Quando se trata de Disney então, a lista extensa de princesas e historinhas do tipo, já deu o que tinha que dar.
Tudo bem que a direção de Byron Howard (da também animação “Bolt – o super cão”), compartilhada com o desconhecido Nathan Greno, deu uma repaginada no estilo, na ambientação e na estrutura desse antigo conto de fada, conforme comprova-se aqui, ressaltando a princesa, já não tão ingênua, e o príncipe, sob efeito do bastante utilizado recurso de desmoralização da classe, bem mais interessante que os convencionais... Mas ainda assim, eu não consigo deixar de ver “Enrolados” como um filme bobinho que, logo será apontado como mais um integrante do time das animações-carbono que dão sequência a esse novo perfil, digamos, um tanto "subversivo", de príncipes e princesas. Afinal, esse tipo de ideia alternativa não é tão novidade em animações de estúdios concorrentes, como já vimos, muito bem representados por sinal, em “Shrek” e “Deu a louca na Chapeuzinho Vermelho”. E convenhamos também que, "Enrolados" não tem a mesma intensidade e sagacidade dos sobreditos.
E não tem porquê falar mais sobre isso... Eu sei que o máximo que se dá pra fazer em um filme infantil foi feito aqui, pois estamos falando de um filme que tem como público-alvo, pelo menos nominalmente, as crianças. Ou seja, é o tipo de filme que não se pode esperar muita inovação, pela necessidade que seus infantes espectadores tem de algo que seja facilmente compreensível. Até mesmo as histórias de amor adultas estão seguindo uma linha padronizada e desgastada, seria então covardia esperar mais de uma animação infantil.
O que me incomoda mesmo é o tema. E olha que eu sou um acompanhador assíduo de filmes dessa espécie.
Mas, sem problemas, não vou tornar isso motivo para desqualificar o filme. A qualidade do mesmo está acima da média e marca o retorno da diversão nos filmes Disney, o que há tempos não podia ser conferido. E não posso negar que o casalzinho aqui tem uma química admirável.
Os efeitos tridimensionais estão em perfeita sintonia, apesar de eu não ter gostado muito do aspecto do cabelo da heroína – acho que foram descuidados em alguns momentos com ele deixando-o sintético, sei lá, ainda mais se tratando de um detalhe tão pertinente –, mas o restante está bem desenvolvido e adequado a proposta do longa.
A verdade é que o maior atributo de "Enrolados" se acha mesmo em seu gráfico, como já dito. O cavalo Maximus é super divertido, o camaleão tem suas tiradas, Rapunzel é fofa e o princípe, trocadilhamente falando, encanta (!!), mas o visual realmente é o ponto forte!
Enfim, eu o recomendo, pois é um filme proveitoso, apesar de eu ainda resistir à idéia por se tratar de mais um filme de princesas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário