Apesar de muitos espectadores masculinos terem o acompanhado, até quem não assistia sabe que o extinto seriado “Sex and the city” foi um produto televisivo estrito e premeditadamente feminino.
O sucesso da série foi inevitável, e seus derivados longas cinematográficos também, entretanto, por mais que tais filmes transpareçam inutilidade, infelizmente a opinião formada na mente dos fãs será, até que se prove o contrário, positiva.
Eu acompanhei descompromissadamente alguns episódios do seriado, e confesso que até tinha simpatia pela série, mesmo quando os questionamentos levantados eram rasos ou extremamente feministas – afinal, quem assistia o seriado, sabia do que se tratava.
Porém, com este segundo filme, estas questões foram se acentuando e ganharam dimensões à beira do ridículo.
Eu cheguei a comentar o primeiro filme da série, podendo assim identificar qualidades e deformidades na fórmula usada no mesmo. Diria até que, o primeiro foi uma bela homenagem mesmo sendo-o deficiente em sua estrutura. Já do segundo eu não posso dizer o mesmo, aliás, não tenho muito que dizer...
Começo pelo fato de eu não me lembrar que as personagens na série eram tão superficiais, a ponto de poder reduzi-las a meras escravas da moda aqui. A dependência das mesmas em torno de homens e roupas chega a incomodar até mesmo o mais leviano dos seres humanos!
Na verdade, a identidade de cada uma, que era meticulosamente definida a cada temporada, foi totalmente desfigurada neste segundo filme. Eu só consegui ver quatro senhoras sem noções de limites, sem um resquício qualquer de maturidade – mesmo, involuntariamente, ostentando idade –, sob um ar de glamour totalmente imposto, vivenciando situações irrelevantes que, por assim dizer, não justificam boa parte do drama que o filme se esforça, infrutuosamente, em passar.
Nem mesmo todo o luxo que permeia os figurinos e os cenários consegue desviar a atenção do pobre roteiro, que não tem rumo, foco, muito menos objetivo. A esquálida trama se resvala em roupas exóticas e festas socialmente frívolas, parecendo mais se importar com a exibição desenfreada do mais excêntrico da indumentária moderna, do que contribuir para com a história da série que, em algum momento, teve importância no mundo dos seriados.
Não posso me esquecer também de comentar sobre o desgaste dos conflitos pessoais das personagens, o que é notável e incômodo. Digo isso porque a personagem central, Carrie Bradshaw, vivida por Sarah Jessica Parker, não tem mais charme. Ela está amorfa, irritante e mais indecisa que antes. O mesmo digo de Samanta, outra personagem que perdeu o brilho, tornando-se uma mulher neurótica em torno da idade, mesmo isto sendo, no caso dela, preocupante.
"Sex and the city - o filme" tinha conteúdo, ou pelo menos um tema – o casamento de Carrie –, o segundo, no entanto, não tem nada, a não ser participações dispensáveis e um bocado de momentos desconfortáveis. Lisa Minelli me fez perder o sono – no mal sentido – com sua pontinha mais do que burlesca e nonsense.
A estadia das quatro protagonistas em terras árabes então foi extremamente surreal e maçante, dominando praticamente a metade do filme. O pior de tudo foi ver mulheres típicas da região, geralmente reprimidas pela cultura do local, se rendendo a “clubes do livro” e se “refugiando” em roupas ocidentais, que elas suprimiam por meio de suas burcas, como se consumismo e futilidade fossem resposta para a felicidade.
O final previsível, comportado e clichê, com todas as resoluções positivas deixou tudo ainda mais chato.
Mas como citei no início, não adianta analisar, nem bombardear “Sex and the city 2”. Quem curte, irá assisti-lo e aprová-lo, mesmo o filme sendo uma perda de tempo. Contudo, se você não é um fã cativo da série, mas tem curiosidade sobre o filme, corra, mas corra muuito dele! Pois o filme além de ser vazio, é extremamente longo.
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