18 fevereiro 2010

Filme "LUA NOVA"

Stephenie Meyer, a criadora da saga “Crepúsculo”, obviamente não é nenhum exemplo de eloquência e autenticidade na arte de redigir, mas temos que reconhecer sua elogiável sagacidade, afinal, criar uma estória batida que relata a interação de uns poucos humanos com utópicos vampiros, envolvendo duas dessas distintas figuras em um romance shakespeariano, e a transformar em uma febre tanto literária quanto cinematográfica, não é pra qualquer um.

Ao contemplarmos sucessos juvenis cinematográficos como “Harry Potter”, também adaptação de uma obra escrita, é compreensível devido à ação da estória, aos temas atrativos, sempre evoluindo e recriando, ao contrário da série idealizada por Meyer que dá lugar somente a tramas excessivamente açucaradas, regadas de insipidez, lamúria e bastante pó compacto. Sem falar de seus títulos altamente ingênuos e romantizados – cada um indica o momento pelo qual a protagonista está passando, relacionando metaforicamente o sentimento dela às variantes da lua.
Se eu pudesse indicar um nome para um suposto quinto livro, seria “Minguante”, pois assim tal título fecharia com “chave de ouro” a estória, compendiando totalmente a qualidade da mesma num todo: mirradinha, mirradinha...

Bom, optando eu por comentar sobre a segunda edição de “Crepúsculo” intitulada como “Lua nova”, adianto que o foco continua sendo o amor do descorado vampiro Edward e da insossa humana Bella. Porém, desta vez a película retrata o pior momento da vida da mocinha: quando seu amado a abandona.
Pormenorizando, Edward decide deixá-la ao perceber o quão inseguro é para ela manter-se ele próximo com tantos vampiros em derredor.
A partir daí surgem as cenas mais irritantes e risíveis do longa: a desilusão de Bella, com direitos a chiliques e muita histeria – lastimável ter presenciado isso.

Mas confesso que para o público se envolver realmente com a estória é necessário se ter qualquer familiarização que seja com os livros, pois se assim não o for, muitos detalhes não farão sentido, como por exemplo, o clã dos vampiros, totalmente esquemático e sem sustentação.
Inclusive, muitos são os furos temporais para adequar a extensa trama do livro ao filme, como o fato de Bella em menos de 12 horas conseguir realizar uma viagem que no livro é descrita sob a duração de três dias.
Sendo assim, muitos detalhes foram fiéis ao livro, enquanto outros importantes foram sem mais nem menos cortados ou desvirtuados aqui, mesmo com o filme tendo aproximadamente 2hr de duração. Ou seja, um tempo bastante justo para se retratar um romance tão simplório.

A caracterização dos vampiros continua berrante e exagerada, em que purpurina e maquiagem rolavam a solta nas composições. Por outro lado, os lobisomens, agora realmente visíveis e consideráveis, não necessitam de se travestir, basta apenas ficarem sem camisa e esperar que os efeitos especiais – melhores, por sinal – façam todo o trabalho de inseri-lhes pêlos e garras.
E por falar em lobisomens, se existia algum motivo pelo qual o ator Taylor Lautner, que vivencia o personagem Jacob, chamava a atenção no primeiro filme, era pela quantidade de cabelo que o mesmo ostentava. Agora em “Lua nova”, sofrendo seu personagem uma reviravolta plástica, sob o efeito de alguns exercícios físicos e total extirpação de suas madeixas, ele rouba a luz dos holofotes, quase empalidecendo – ainda mais – a presença de Robert Pattinson.
E essa dedicação toda dele ao papel quanto à exigida aparência sarada do personagem, foi necessária, porque se ele não adquirisse pelo menos mais 14 quilos de massa muscular, o papel não seria seu.
Mas, asseguro as garotas de plantão que não se entusiasmem, porque o máximo que ele faz é aparecer descamisado no melhor estilo Marcos Pasquim em seus tempos áureos de novela das sete da Rede Globo.
Se bem que para elas isso é razão suficiente para criar alvoroço em torno dele.

A direção desta vez ficou ao encargo de Chris Weitz (“A bússola de ouro”), substituindo Catherine Hardwicke, no entanto, parece que a cada sequela a direção será aventurada por outro profissional. No terceiro longa, denominado como “Eclipse” (aff...), já se sabe que o responsável é David Slade.
Pelo menos este tem experiência em criar figuras vampirescas mais interessantes, baseado em seu trabalho à frente do terror “30 dias de noite”, também encabeçado por vampiros, só que, digamos, menos dóceis.

E como não poderia ficar de fora, minha análise sobre o desempenho da mocinha Kristen Stewart, constatou que esta continua desinteressante e apática, só que desta vez sua representação afetada me fez questionar a estabilidade psicológica de sua rasa personagem, pois tanto descontrole e renúncia em torno de um vampiro não indica muito equilibrio emocional.
Por sua vez, o galã da saga Robert Pattinson, em relação a “Crepúsculo” apareceu bem menos nesta continuidade, o que também não fez diferença. A meu ver, seu personagem continua chato e indecifrável.
Quanto ao restante do elenco, sob um apanhado geral, não tem muito que se comentar. Ninguém, nem mesmo os estrelas da vez brilham aqui – a não ser Pattinson sob a luz solar... brincadeirinha.
Até mesmo Dakota Fanning, sempre reconhecida e enaltecida por mim devido ao seu trabalho, ao fazer parte do elenco em uma participação pouco aproveitada, se mostrou mais convencida do que convincente.

Enfim, “Lua nova” é um filme volúvel, sem grandes expectativas, que visa mais agradar as enlouquecidas fãs a se manter consistente.
Sem dúvida é melhor e mais movimentado que o primeiro, mas, ainda assim, continua sendo uma projeção meia-boca de se ver.


Um comentário:

Rafael W. disse...

Só melhora em aspectos técnicos (a trilha de Alexandre Desplat é lindissima), mas a história continua um porre... Mas é melhor que Crepúsculo.